Rio - O Fluminense deu uma grande demonstração de força, espírito coletivo e talento individual na sua espetacular vitória sobre o São Paulo. Nem precisou de Fred ou Cavalieri para obter essa vantagem escandalosa que, diria Nelson Rodrigues, levantaria os tricolores vivos e mortos. Foi realmente inesquecível e histórico mas não chegou a ser um episódio isolado.
Nos seis jogos até agora, o Fluminense perdeu dois, contra o Vitória e o Grêmio e, mesmo nessas duas vezes, atuou muito bem sofrendo resultado injusto. O elenco é muito bom, Conca é fora de série e há jogadores decisivos, como Fred e, agora ,Walter, mas o destaque mesmo vai para o técnico Cristóvão Borges. Em pouco tempo, ele fez muito: deu um padrão de jogo ao time, rearrumou o sistema defensivo e acertou as posições de Wagner e Sobis, que andavam perdidos. Mas, além de todos esses trunfos técnicos e táticos, vê-se claramente um grupo unido, jogando com alegria e determinação. Se nada surpreendente ocorrer, o Flu luta pelo título com grandes chances.
UM CRAQUE
Que belo jogador é o Walter! O seu antigo excesso de peso incomodava e provocava desconfiança em relação ao seu profissionalismo mas, mesmo cheinho, ele sempre mostrava intimidade com a bola. Podem reparar na sua colocação perfeita, no seu oportunismo e na inteligência com que passa e conclui, misturando jeito e força, de acordo com cada circunstância.Ele reinou na goleada sobre o São Paulo e o seu segundo gol no jogo foi de um rigor e de uma perícia raríssimos.
SEM NOVIDADES
Se alguma coisa surpreendeu no Botafogo em sua previsível derrota para o Grêmio foi a sua resistência no primeiro tempo, embalada por uma boa estreia de Carlos Alberto, que se dedicou muito nos 45 minutos iniciais. Depois, cansou e mostrou que precisa se preparar melhor para justificar a chance que lhe foi dada. De resto, nem Sheik se salvou ou sequer o esquema defensivo de Mancini, que tenta fazer omelete sem ovos. É triste, mas o Botafogo virou saco de pancadas.
RUIM DEMAIS
Até mesmo alguns jogadores como Wallace não veem progressos no Flamengo e revelam enorme preocupação. Mesmo admitindo-se uma parcela de culpa de Ney Franco, ele parece um tanto perplexo, mas é claro que a essência do problema está na falta de qualidade do grupo. Cristóvão mudou o Fluminense rápido mas ele tem melhores armas nas mãos. Com Jayme ainda havia Elias, que fez muita diferença, e até a sombra do Brocador faturava. A coisa mudou.
SÓ DARÍN SALVA
A semana cinematográfica iniciada ontem tem quantidade, mas padece de qualidade. A grande atração - ‘X-Men’ - é mais uma franquia bem feita mas que cansa pela óbvia preocupação comercial e por questões existenciais que se repetem. Aliás, não está fácil empolgar com os atuais ‘blockbusters’. Melhor focar em uma comédia espanhola de episódios ‘O que os homens falam’, que traz o sempre formidável Ricardo Darín, o grande ator da América Latina.
SERÁ QUE RICARDO GARECA VAI QUEBRAR O TABU?
Pelo menos nas últimas décadas não tem sido fácil a vida dos raros treinadores estrangeiros que se aventuraram no Brasil, o que frustrou os que anseiam por uma mudança nos padrões táticos ou por algo diferente. Portugal acabou de naufragar no Atlético-PR, mas o Palmeiras foi atrás de Gareca, que tem feito bons trabalhos no futebol argentino.Se o deixarem em paz, sem pressão excessiva ou preconceitos, pode dar certo. O problema é que esse time do Palmeiras não ajuda.