Por bernardo.argento

Se depender do fanatismo da torcida brasileira, nem os hermanos serão capazes de impedir a conquista do Hexa. É o que aponta pesquisa encomendada pela Procter & Gamble ao Instituto Ipsos. De acordo com os dados, 18% dos brasileiros se consideram os torcedores mais fanáticos de futebol da América Latina. Torcedores como o advogado Nelson Paviotti, de 62 anos, que há 20 veste roupas com as cores da bandeira nacional até no tribunal. Ou como o mecânico industrial Jarbas Carlini, 46 anos, que produz réplicas da Taça Jules Rimet.

Há duas décadas, o torcedor de Campo Grande já fez milhares de taças para amigos, jogadores e personalidades. Uma obsessão que surgiu do sonho de repetir o gesto feito um dia pelos capitães Bellini, Mauro, Carlos Alberto Torres, Dunga e Cafu: “Quando via jogadores como Beckenbauer, Passarella e Maradona erguerem a taça, sonhava em fazer igual. Por isso, comecei a preparar as réplicas. A pesquisa está certa, o brasileiro é mesmo muito fanático por futebol.”

Torcedores brasileiros são os mais fanáticos da América LatinaErnesto Carriço / Agência O Dia

Em nome de tanto amor, Jairo já fez loucuras. No ano passado, durante a convocação da Seleção para a Copa das Confederações, ele se fantasiou de fotógrafo, com jaleco e câmera, e driblou a segurança para entregar nas mãos de Felipão uma réplica da taça mais cobiçada do mundo.

“Disse ao Felipão que não era repórter e ele me mandou subir. Ficou feliz em receber a taça”, conta o torcedor, que também já presenteou craques como Zico, Romário e Ronaldinho Gaúcho com a relíquia.

Devoção absoluta à seleção brasileira também não falta ao advogado Nelson Paviotti. Do terno ao chapéu, passando pelo sapato e até a cueca, tudo é verde e amarelo: “Na Copa de 94, fiz a promessa de que usaria as cores verde, amarelo, azul e branco pelo resto da vida se a Seleção ganhasse o Mundial. Cumpro com orgulho e alegria a promessa".

Morador de Campinas, em São Paulo, o torcedor chama a atenção nas ruas, onde dirige os seus dois Fuscas, e no tribunal, pelo estilo extravagante: “Vou às audiências de terno verde e amarelo. Alguns juízes ficam assustados, mas não existe nada no Código de Ética dos advogados que me impeça de usar as cores do Brasil. Tenho muito orgulho de ser brasileiro.”

Desespero dos rivais

Na pesquisa da P&G, foram entrevistadas 1.500 pessoas no Brasil, Argentina, México, Chile e Colômbia, entre homens e mulheres, com idades de 18 a 55 anos. Segundo os dados, os argentinos ocupam a segunda posição em fanatismo, com 16%, seguidos bem de perto pelos colombianos, com 14%, e pelos mexicanos, com 13%.

Já no quesito superstição, os brasileiros perdem feio: 24% dos argentinos esperam o final do campeonato para lavar a camisa da seleção — para não dar azar — contra apenas 3% dos brasileiros. Sinal, talvez, de que tem sobrado confiança da torcida brasileira, ainda mais agora com a Copa do Mundo em casa.

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