Rio - Se nas ruas do Rio o álbum oficial da Copa do Mundo é uma verdadeira febre, não se pode dizer que a mesma coisa acontece no bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo. Lá, astros como Neymar, Fred, Cristiano Ronaldo, Iniesta e Lionel Messi perdem espaço para nomes como Jorge do Bar, Juviniano Mão de Quiabo, Vinicius Qual Foi, Alex Tesoura e Fernando Chevette. Esses ilustres desconhecidos fazem parte do álbum de figurinhas dos Boleiros do Jardim Catarina, a nova sensação entre os moradores da região.

Criado por Erico Veríssimo e Armando Marins, que vivem no bairro, o álbum tem um total de 508 figurinhas autocolantes - 140 a menos que o oficial do Mundial - divididas em 12 times e seis grupos de pelada. Além de detalhes de partidas históricas, times e uma página com os "Imortais do Passado", que traz craques da década de 1980.
“A ideia inicial era criar a Taça Jorge do Bar e homenagear esse saudoso ícone do futebol amador. Mas conversando com Armando surgiu a ideia do álbum. Aproveitamos que estava na época da Copa do Mundo e o lançamos. Já é um sucesso”, comemora Erico Veríssimo.
Com mais de 1.500 cópias vendidas, cada uma por R$ 3,99, o álbum já atrai colecionadores de outras regiões, sendo alguns de fora do estado. Já os pacotes de figurinhas são encontrados nas bancas do bairro e vendidos a R$ 0,70.

Um dos cromos mais disputados entre os colecionadores é o do maior artilheiro da história da região, o auditor Sidimar Pinto, de 45 anos. Com discurso de jogador profissional, o atacante do "Master do Grêmio" é reconhecido nas ruas. Ele garante ter marcado mais de mil gols na carreira.
“Está tudo documentado, temos as atas de todos os jogos e meus 1.085 gols estão lá. Fazer parte da história do bairro e estar em um álbum de figurinhas é uma emoção sem tamanho”, afirma.
Menos conhecido, o goleiro André Pão conta que o álbum está tornando os boleiros do bairro bem mais populares.
“Fui fazer um serviço na casa de um cliente, quando uma criança me perguntou se eu era o moço do álbum. Fiquei sem jeito. Ela, toda feliz, falou que a minha figurinha ficava ao lado da de seu pai”, conta o camisa 1 da "Amigos da 22".
Pão revela ainda que recebeu propostas para deixar a equipe.
“Até me ofereceram não pagar o campo e umas cervejinhas a mais depois dos jogos. Vou analisar”, brinca o técnico em sistemas de segurança.