Rio - A grande atuação de Neymar, a boa entrada de Fernandinho no segundo tempo e a incrível fragilidade da defesa de Camarões acabaram por construir a goleada da Seleção, um resultado que deixou a torcida feliz e que pode trazer tranquilidade. Mas alguns erros graves continuam lá, altamente preocupantes e que poderão ser fatais diante de um adversário qualificado.
No primeiro tempo, enquanto os camaroneses tiveram fôlego e o nosso meio-campo, com Paulinho e Oscar, mostrava-se apático, a Seleção viveu situações de tensão na defesa. Tudo era facilitado pela falta de proteção à zaga e pelas atuações pífias de Daniel Alves e Marcelo nos flancos.
Ainda bem que, nessa pior fase, Neymar brilhou e teve todo o mérito em aproveitar os erros da zaga camaronesa tanto no ótimo passe de Luiz Gustavo, no primeiro gol, quanto na habilidade da conclusão, no segundo. Na fase final, o jogo caiu de intensidade, Camarões perdeu o ímpeto e, com Fernandinho no meio-campo, o Brasil dominou e venceu facilmente.
REPROVADOS
A seleção brasileira goleou, mas alguns jogadores na mira por más atuações anteriores não passaram no novo teste. Paulinho foi omisso, Oscar continua apático e só Fred safou-se pelo esforço, pelo gol e pela boa participação de Hulk. Felipão tem que decidir agora se vai manter a lealdade à base do grupo, se vai tirar Paulinho e Oscar ou, pelo menos, começar contra o Chile com Fernandinho ou Ramires. O treinador vai ter que pensar muito até o jogo de sábado.
CONFIRMAÇÃO
O México não teve uma grande atuação contra Camarões ou empatou com o Brasil por acaso. Mostrou, ontem, diante da forte Croácia, resistência, aplicação tática e talento na hora de decidir. Na fase inicial, ainda meio tímido e talvez pensando no empate, foi defensivo, mas, quando se soltou no segundo tempo, atropelou uma desgastada Croácia com o brilho dos seus melhores jogadores, como Guardado e Chicharito Hernández. O México vai exigir muito da Holanda.
ALEGRIA LARANJA
Mais uma vez, a Holanda fez ótima partida na Copa, e não apenas pelo brilho individual dos seus jogadores, mas pela estratégia correta de Van Gaal, que soube esperar o Chile em esquema, a princípio, cauteloso. Com o desgaste do adversário, venceu nos contra-ataques usando boas peças de reposição que acabaram marcando os gols da vitória — Leroy Fer e Depay. No segundo gol, mais uma jogada de alta velocidade e de talento desse admirável Robben — o craque da Copa até agora.
MELHOR, IMPOSSÍVEL
Claro que as análises e previsões são sempre teóricas, até porque em futebol cabe quase tudo. Mas, em um grupo com Holanda e Espanha, o Brasil pode se dar por feliz por pegar nas oitavas um velho freguês: o Chile. A equipe cresceu, ganhou entrosamento e o ataque, com Vargas e Sánchez acionados por Vidal e Valdívia, é perigoso. Mas tem problemas na defesa, que é baixa, e o Brasil, em condições normais e em casa, vence. Não está tão ruim o caminho do hexa.
A TRISTE JORNADA DE CRISTIANO RONALDO
Embora a comissão técnica portuguesa garanta que Cristiano Ronaldo disputa a Copa em perfeitas condições físicas, fica difícil acreditar. Ele está falhando nas jogadas individuais e com dificuldade até para executar os seus movimentos rápidos e geniais. A tendinite pode ser a vilã e aquele passe para um gol diante dos EUA é muito pouco para o número 1 do mundo. A Copa perdeu sem a sua arte.