Rio - Chega ser massacrante, ao longo da história, a imensa superioridade do nosso futebol sobre os chilenos. Só nos últimos tempos, a distância técnica diminuiu um pouco mas, mesmo assim, o retrospecto positivo é amplo. Nessa Copa, curiosamente tem se falado mais dessa ‘freguesia’ do que da qualidade do jogo. É melhor que não se confie demais nessa escrita e se jogue a toda força, até porque Felipão não estava brincando quando disse temer a atual seleção chilena. Ele sabe que Jorge SanPaoli é bom treinador e montou um forte sistema defensivo, embora ainda um pouco vulnerável pela baixa estatura dos zagueiros. Mas jogadores como Valdivia, Sanchéz e Vidal e até o imprevisível Vargas podem complicar.
Ainda temos uma seleção superior, mas não se pode repetir erros já vistos nessa Copa, principalmente nos dois últimos jogos. A questão da lateral direita preocupa e espera-se que a dinâmica do meio-campo melhore com a entrada de Fernandinho. Mesmo acreditando em evolução com outras possíveis mudanças, Neymar seguirá sendo o grande e – único - diferencial.

SOB IMPACTO
Colômbia e Uruguai vão se enfrentar, cada um sem o seu principal atacante. Os colombianos sem Falcao Garcia e o Uruguai, sem Luisito Suárez. A diferença é que os colombianos estão sem o seu craque desde o começo, sem traumas e jogando bem. A dúvida é saber como a Celeste se comportará sob o impacto da perda de Luisito em circunstâncias tão dramáticas. Quem conhece a alma uruguaia aposta que tudo será compensado por uma garra extraordinária.
CALMA, MUJICA!
O presidente do Uruguai, José Mujica, é uma figura extraordinária, e, ao contrário da maioria dos políticos, é honesto e leva uma vida espartana, com as suas ideias liberais e revolucionárias. Vive em um sítio modesto, tem um fusca velho e um adorável vira-lata de três patas. Tal fantástica figura não precisa falar abobrinha inventando um complô da Fifa e do Brasil contra o Uruguai. Desculpar a loucura de Suárez afirmando que futebol não exige bons modos é demais. Fala sério, Mujica!

MÁ SURPRESA
Pode ser que, daqui para a frente, as coisas melhorem mas, até agora, a defesa da Seleção contrariou todas as expectativas. Era um setor estabilizado que fez uma impecável Copa das Confederações e, agora na Copa, leva susto a toda hora. A proteção do meio-campo piorou com a má fase de Paulinho, os laterais andam marcando mal e só o meio da zaga vai bem, apesar dos vacilos no gol de Camarões. Júlio César mantém o suspense, apesar de excelentes defesas contra o México.
WELCOME, USA
Para espanto até da mídia local, os jogos da seleção americana na Copa batem recordes de audiência, superando até os esportes nobres por lá.A boa qualidade do time — embora inferior à geração de 90 — ajuda e o próprio presidente Barack Obama (foto) está dando a maior força. Seria ótimo para o futebol que os EUA, cujo mercado publicitário supera o resto do mundo, entrasse pra valer no soccer. Eles e todos nós sairíamos ganhando com tanta visibilidade.
OS TEMORES DA COPA SE DISSOLVERAM NO AR
O que é mais importante na Copa funciona bem, ao contrário do que se imaginava. Os sofríveis aeroportos dão para o gasto, a mobilidade urbana também, a segurança, como sempre em grandes eventos, dá conta do recado e os estádios são bonitos e funcionais. Com grandes jogos, cidades agradáveis e povo acolhedor, a Copa é, até agora, um sucesso. Comida ruim e cara nos estádios com serviço lento (sob supervisão da Fifa) é pouco para comprometer.Quando a rotina voltar, é que o bicho pega de novo.