Rio - Foi necessário passar umas 48 horas, talvez de perplexidade e ressaca, para que todos se dessem conta de que as condições emocionais dos jogadores da Seleção não estão boas. Com poucas exceções (em que se pode incluir, por exemplo, Fred e David Luiz) o time anda muito pesado, como se estivesse suportando uma carga pesada demais nos ombros.
O mais emblemático disso foi o choro, em várias etapas, de Thiago Silva. Julio Cesar foi um gigante nos pênaltis, mas estava também ansioso em demasia e até mesmo Neymar anda muito instável, desde que se executa o hino nacional. Para um bom observador foi fácil perceber também que o quase sempre contido Parreira estava uma pilha de nervos nas entrevistas e tudo culminou com a promessa desagradável de Felipão de detonar nas entrevistas. O que é isso, afinal? É, de fato, imensa responsabilidade de disputar uma Copa em casa, ainda mais com a lembrança de 50 repetida como se fosse um carma. É melhor acalmar os guerreiros de algum jeito, mas uma coisa é certa; se o Brasil levantar esse título, será um supercampeão.
VACILO FATAL
Eneyama foi considerado pela Fifa o melhor goleiro da Copa na fase de grupos e ontem parecia dar continuidade às suas atuações seguras, com ótimas defesas. Mas, a dez minutos do fim, entregou o ouro em uma saída de gol equivocada, o que permitiu o gol de Pogba e o começo da justa vitória francesa. A França é melhor do que a Nigéria e tem jogadores decisivos, mas não teve atuação brilhante, desatenta na marcação. Esse futebol não garante vitória sobre a Alemanha.
UM BOM TESTE
A Argentina tem oscilado na Copa com momentos ruins, a defesa vulnerável e toques de genialidade no ataque, quase todos de Lionel Messi. Hoje será um teste bem interessante contra a Suíça que, tudo indica, irá reviver os tempos de ferrolho e repetir esquema parecido com a Copa de 2010. Até agora, ela não precisou fazer isso porque os adversários não exigiram. Mas hoje é diferente diante da poderosa Argentina. Mas será ela tão poderosa assim que estará imune a uma zebra?
TRUNFO
Para a maior parte da mídia internacional, a Colômbia é superior ao Chile e poderá ser um adversário dificílimo para o Brasil. Não há dúvida que o poder ofensivo colombiano é superior e há um craque em estado de graça — James Rodriguez. Mas é também verdade que a determinação dos chilenos é superior, com uma melhor recomposição defensiva e há o lado psicológico — será que os colombianos não vão sentir a responsabilidade? Se o Brasil amenizar o seu estresse, pode levar vantagem.
EXTRAORDINÁRIO
Mais um jogo fantástico e inesquecível nessa Copa que certamente vai figurar na galeria das partidas históricas. A brava Argélia resistiu com uma determinação que parecia de outro planeta, mas também com um futebol de bom nível diante de uma Alemanha um tanto acomodada na fase inicial, mas um rolo compressor depois que esbarrava nas defesas assombrosas de M’Bohli. A prorrogação foi um drama quase épico, mas prevaleceu a força e a categoria da Alemanha.
DUELO EQUILIBRADO
Antes da Copa do Mundo, seria quase um absurdo dizer que um jogo entre a sensação europeia Bélgica e os Estados Unidos seria equilibrado. Mas pelo que se viu no Mundial até aqui — os americanos empolgados e disputando todos os espaços em campo, com jogadores de bom nível como Bradley e Dempsey; de outro lado, a Bélgica sem brilho, jogando por resultado e sem convencer —, tudo pode acontecer. Há uma grande promessa de ótima partida, em que qualquer resultado não será surpresa.