Rio - Dunga concedeu entrevista exclusiva para o "Fantástico", no domingo, poucos dias depois de assumir novamente o comando da seleção brasileira. O técnico deu a entender que a linha dura usada na Copa de 2010 deve voltar, mesmo estando mais tranquilo nas suas atitudes. Durante o bate-papo, ele disse não gostar da exposição dos atletas e ressaltou que, às vezes, é necessário xingar e dar broncas pesadas.
"Qualquer grupo eu não tenho que ficar intimidado de chamar a atenção. Não tem esse negócio. Se você vai perder eu também vou perder. Tá faltando isso no futebol em geral, no Brasil. Todo mundo tem grande exposição, e isso deixa com medinho de dar bronca, mandar para aquele lugar, chamar atenção do outro", afirmou.
O treinador criticou até os cabelos de Neymar e Daniel Alves, que ficaram loiros durante a disputa do Mundial: "Sem dúvida (falaria pra não pintar). Tem que ser antes ou depois", disse.
Dunga também fez questão de comparar a preparação do Brasil com outros times que fizeram bela campanha na Copa do Mundo. A Alemanha ganhou a simpatia do povo ao esbanjar simpatia e mostrar que os jogadores estavam curtindo o país; A Holanda foi pelo mesmo caminho e os atletas foram flagrados diversas vezes curtindo a praia no Rio de Janeiro. Para ele, a diferença dessas duas equipes para Seleção, é que a exposição foi feita depois do treinamentos.
"Eu acho que em certo momento a seleção tem que ter privacidade. Só que eles (holandeses e alemães) tinham fora do muro deles, aí sim tinha a exposição na mídia. No treinamento teve pouca", disse.
Luiz Felipe Scolari
Dunga não deixou de comentar sobre a passagem do seu antecessor. Medindo as palavras, o novo comandante fez algumas críticas e elogios. Questionado sobre a declaração de Felipão e Carlos Alberto Parreira, que afirmaram que o Brasil era o grande favorito e tinha o dever de ganhar a Copa, o técnico disse que faria diferente.
"Tem que jogar com as palavras. Não se deve falar de forma afirmativa. Cada um é cada, falaria que o Brasil jogaria para ganhar, não que ganharia, no afirmativo"; depois, elogiou o comandante: "Campeão do mundo não se discute. Bem ou mal, teve a hombridade e tomar as decisões, estava lá para isso". No entanto, em seguida, fez declaração no estilo de Scolari e Parreira, demonstrando a mesma "confiança". "Temos que apagar esse resultado com a Alemanha, que foi atípico. Não vai acontecer de novo".
Futebol brasileiro atrasado
O vexame na goleada por 7 a 1 para a Alemanha gerou diversão discussões, a principal sobre o atraso do futebol brasileiro. Dunga não concorda com essa tese.
"Não é que o Brasil esteja defasado, é que no Brasil o jogador com 16, 17 anos já vai para Europa. Se você pegar esses que foram, nenhum é titular absoluto de seu time. Brasil começa a perder nesse aspecto", falou.
"O futebol não mudou. O que decide é a qualidade técnica, o talento", completou.
Nova seleção e Neymar
Dunga tem um plano diferente para Neymar, o principal jogador brasileira para Copa de 2018. O técnico planeja que o atacante jogue para o time e que não seja o único foco.
"Eu acho que não se jogará em função do Neymar, e sim ele em função (da equipe). O Brasil tem que criar uma estrutura para que ele seja essencial", afirmou.
Para a sua primeira lista, disse já ter alguns nomes preferidos, mas não revelou nenhum jogador.
"Tenho três jogadores em cada posição. São jogadores jovens, com bom rendimento, mas não pode em nenhum momento se comprometer, e tem que deixar com o friozinho na barriga, até o último segundo ansioso", disse, para explicar que não citaria nenhum nome.