Por fabio.klotz

Rio - Muito do que se vê, do que se lê e do que ouve das conversas entre os próprios torcedores conduz a um ponto único: mudar o futebol brasileiro, dentro e fora de campo. A humilhação imposta pelos alemães foi pesada demais, mas deixou pelo menos mais claros ainda os problemas do nosso futebol. Eles começam pela péssima gestão nos clubes, quase todos endividados e continuam na CBF que, mesmo com muito dinheiro em caixa, parece não ter interesse em renovar as estruturas.

Baile alemão na Copa do Mundo expôs problemas do futebol brasileiroAndré Mourão

E, dentro de campo, ficamos no lamento por algumas gerações perdidas de jogadores que se transferiram cedo para o exterior e os remanescentes que não receberam a orientação adequada de treinadores, mais preocupados com um estilo sem técnica ou refinamento. O pior é que mesmo se, por um passe de mágica, baixasse um bom senso geral, as mudanças essenciais demandariam um bom tempo. Há um pequeno consolo: apesar de tudo, em função de alguns talentos, poderemos, nem que seja raramente, ganhar um título internacional porque a dinâmica do futebol permite brilho esporádico. A Argentina, com péssimos dirigentes, quase foi campeã da recente Copa pelo brilho de alguns dos seus craques.

Até as meninas?

Pode ser coincidência, mas é melhor acreditar que tudo é mesmo resultado de uma fase particularmente desastrosa do nosso futebol. Na sub-20, a seleção brasileira levou uma surra da Alemanha e por pouco não repetiu o vexame da Copa. Caiu por 5 a 1 e as alemãs ainda perderam pênalti. Na verdade, o futebol feminino vem sendo mal tratado pela CBF. Ninguém cumpriu a promessa de incentivar a modalidade. Agora a coisa piorou e o futebol feminino vai continuar no sereno.

Os elefantes

Algumas arenas da Copa vão, infelizmente, se transformando em elefantes brancos e muito raramente serão bem usadas por eventos fora do futebol. O caso de Pernambuco é curioso porque não deveria se transformar em elefante, mas corre grande risco. O estádio é muito longe da cidade, com acesso difícil, e vai ser usado basicamente pelo Náutico, que tem torcida pequena, time ruim e quase nunca ganha por lá. Sport e Santa privilegiam os seus estádios. A Arena ficará às moscas.

Caos é pouco

O Botafogo já viveu, em outros tempos, crise institucional pior do que a atual, mas talvez em nenhuma delas com um momento tão agudo e doloroso que parece deixar o clube paralisado. Todo dia há uma novidade ruim e, mesmo quando há um aparente alívio pela liberação de algum dinheiro, isso causa crise e ressentimento porque nem todos os jogadores foram contemplados. A essa altura, até uma debandada geral pode acontecer e há perspectiva de tempos terríveis.

O suficiente

O Vasco emplacou mais uma vitória e, dessa vez, no campo adversário. Isso é muito bom na luta para ficar no G-4 e não correr riscos de patinar na Segundona. O Vasco nem precisou jogar bem para vencer com um gol de Dakson quase de saída e depois de uma série de erros. Daí por diante bastou ao Vasco calma para segurar a vantagem, mesmo perdendo algumas chances de gol. A vitória saiu mais em função da boa marcação do que do brilho ofensivo.

Tempo para reflexão e para limpeza

Independentemente das preferências eleitorais, é uma boa hora para os poderes do Vasco partirem para um recadastramento sério que evite nas eleições de novembro a presença de sócios de aluguel - os votos de cabresto. Eles são quase dois mil e seria saudável que se passasse um pente fino no quadro social. Até novembro, Roberto continua porque não faz sentido um mandato-tampão de três meses que só favoreceria a baderna e o descontrole.

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