Rio - As coisas nas Laranjeiras não andam correndo muito e oscilam entre fatos comprovados e presunções. Fala-se de uma crise financeira na Unimed que teria todo o potencial para desestabilizar em breve o futebol tricolor. Certo mesmo é que esse modelo de sustentação que dá muita força ao futebol é um tanto artificial e, no dia que acabar, o clube ficará em situação financeira lastimável - como a maior parte do futebol brasileiro.

Neste domingo, ainda debaixo do trauma da reação da torcida, há uma obrigação total de vitória para que a crise não se aprofunde. Apesar de tudo, o favoritismo tricolor ainda é forte porque o adversário é instável e não costuma jogar com tranquilidade no Maracanã, como se viu há pouco na derrota para o Flamengo. A presença de Fred - ainda não confirmada - seria uma atração pelo lado negativo e positivo. Ele pode ser o centro das atenções como o vilão ou, quem sabe, para uma virada tricolor.
A torcida, no entanto, tem saudade daquele esquema móvel que estava dando certo. Com o Cruzeiro dez pontos à frente, a tendência agora é que o Flu só lute para garantir vaga na Libertadores.
Os marginais
Ainda na esteira do desabafo de Fred e também da recente morte de um torcedor palmeirense é de estarrecer que as coisas se repitam com uma incômoda semelhança e nada seja feito. As torcidas organizadas permanecem contaminadas por marginais, há brigas feias nas cercanias dos estádios (principalmente em São Paulo e no Nordeste) e os jogadores continuam expostos em todos os lugares. Será que estão esperando a morte de um profissional para tomar providências eficazes?
Preço justo
É mais correto que se fale de ingressos com preço justo no Maracanã do que de ingressos baratos. Antes, o consórcio pensou em faturar com o simples fascínio que o novo Maracanã poderia exercer sobre o torcedor. Mas esqueceu das limitações do público. Agora, com preços diferenciados e mais em conta, até mesmo o Flamengo, que tem perfil mais popular, ocupa bem o estádio. Pelo menos por muito tempo, será preciso faturar mais com a quantidade do que com valores absolutos.
Dá tudo certo
O astral na Gávea mudou da água para o vinho. Antes de Vanderlei, tudo o que Ney Franco imaginava dava errado e os jogadores estavam desanimados. Agora, Luxemburgo atira no que vê e acerta até onde não vê. Tem vencido jogos no limite até com desfalques e pode faturar o Criciúma neste domingo. E o talismã é conhecido pelo nome de Eduardo da Silva, que tem boa experiência, mas condição física limitada. Começando o jogo ou entrando no fim, ele será decisivo porque a fase ajuda.
O grande líder
Quem assistiu ao jogo entre Cruzeiro e Grêmio na noite de quinta teve a sensação de que dificilmente o Cruzeiro deixará escapar o título. Falta muito para o fim do Brasileiro, mas a consistência e os recursos técnicos do Cruzeiro são imensos. Um ótimo jogo, taticamente bem jogado, e o líder acabou bafejado pela sorte que acompanha os bons no gol de Dagoberto no fim. O Grêmio foi heroico, merecia o empate, mas não resistiu aos bons fluidos do poderoso adversário.
O círculo vicioso de treinadores no futebol brasileiro
Muito se fala da mesmice do futebol brasileiro, da falta de renovação e do atraso tático. Mas não existe ousadia para mudar métodos de trabalho ou nem sequer dar chance a novos treinadores ou a gente que venha de fora (Gareca é uma exceção). Na Seleção, saiu Felipão, voltou Dunga. O Grêmio desistiu do jovem Enderson Moreira e reabilitou Felipão, assim como o Flamengo, depois de Jayme, "renovou" com Ney Franco e Vanderlei. E, agora, o Vitória, após romper com Ney há três meses, o recontratou. É o samba do cartola doido.