Rio - Ele não perdeu a simplicidade e nem a humildade dos tempos em que era considerado a joia da Colina. Muito menos a timidez, que o faz fugir até hoje das entrevistas. Mas, no dia em que o Vasco completou 116 anos, Philippe Coutinho abriu uma exceção e falou ao O DIA sobre o melhor momento da carreira. Feliz com a segunda convocação para a seleção brasileira, após a frustração de ter ficado fora da Copa do Mundo, Coutinho sonha repetir, com a Amarelinha, as grandes atuações que vem tendo no Liverpool, clube em que é ídolo da torcida.

Cenário bem diferente do que encarou quando chegou ao futebol europeu, aos 18 anos, após ser contratado pela Internazionale de Milão por 4 milhões de euros. Mais maduro, aos 22 anos, ele quer provar que não é mais uma promessa e que está pronto para escrever sua história no futebol mundial. E com a Seleção.
O DIA: Este é o melhor momento da sua carreira?
Philippe Coutinho: É. Venho tendo uma boa sequência de jogos desde o ano passado. O Campeonato Inglês também é muito legal, rápido e emocionante. Os jogos são muito disputados, o estádio sempre está cheio e a torcida é fanática. Mudei de clube no momento certo. É maravilhoso jogar aqui, estou muito feliz.
Você já teve algum contato com o técnico Dunga?
Nunca estive com ele, mas a minha expectativa é a melhor possível em conhecê-lo. Espero aproveitar ao máximo a oportunidade que ele está me dando. Vai ser uma experiência muito boa.
Qual é o peso do técnico do Liverpool, Brendan Rodgers, em sua convocação para a Seleção?
O Brendan me ajudou bastante. Ele é muito presente com os mais jovens, conversa, orienta. Sempre me deixou muito à vontade para jogar. É um cara tranquilo, que sabe ouvir os jogadores e isso aumenta muito o nosso rendimento em campo.
Com o Brendon, você jogou em várias posições no meio. Tem gostado de executar novas funções?
Na nossa equipe ele varia bastante no meio. Há muita rotatividade no setor. Eu mesmo já atuei até de segundo volante. Mas o que eu gosto mesmo é de jogar, a posição pouco importa. Só não encaro o gol, pois é complicado.
Você conhece a maioria dos jogadores convocados pelo Dunga. Vai se sentir em casa na Seleção?
Espero que sim. Conheço a maioria deles. O Fernandinho mora a meia hora da minha casa. Também conheço o David Luiz, o Alex Sandro e outros. Vai ser muito bom estar com todos.
Você fez uma dupla afinada com o Neymar na Seleção sub-17. Vai dar para repetir na equipe principal?
O Neymar é um grande jogador, um ídolo mundial. Jogamos juntos na base e foi muito legal. Seria ótimo (jogar com ele), mas só o tempo vai dizer, ainda é muito cedo. Eu ainda estou buscando o meu espaço na Seleção, será a minha primeira oportunidade com o Dunga. Prefiro dar um passo de cada vez. Tem muitos bons jogadores no Brasil e fora. Primeiro, tenho que agarrar a minha chance para, depois, pensar em jogar ao lado dele.
Como você acompanhou a convocação para a Seleção principal?
Estava em Ibiza, na Espanha, aproveitando dois dias de folga. Na hora da convocação, eu estava no hotel, com a minha mulher e uma amiga. Acompanhamos juntos pela Internet. Foi emocionante quando vi o meu nome. Minha mulher gritou, pulou e chorou muito, nossa amiga também vibrou. Meus pais me ligaram chorando, meus irmãos... Eles sempre estiveram juntos comigo, me acompanham desde pequeno. Foi um momento muito esperado. Não criei expectativas, pois não vinha sendo convocado, mas valeu a espera.

Comemorou muito?
Não, pois no dia seguinte íamos pegar o voo e eu tinha que treinar no Liverpool. Mas fui muito cumprimentado pelos meus companheiros. O Lucas Leiva publicou algumas palavras muito carinhosas. O nosso time é uma família.
Atualmente, quais são os seus sonhos?
Tem muita coisa ainda a conquistar, falta muita coisa na minha carreira. Chegar à Seleção, jogar na Seleção, disputar grandes campeonatos e ser um jogador top. Tenho que fazer mais gols, tenho muito coisa ainda a melhorar.
Não ter sido chamado por Felipão, após o fiasco do Brasil na Copa, acabou sendo bom?
Difícil dizer. Eu já esperava não ser convocado para a Copa. Não vinha sendo chamado, não fiz parte do grupo e nem da preparação. Mas só o tempo vai dizer.
Como você encarou a derrota de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha?
A seleção brasileira passou um mau momento e levou vários gols. Foi muito difícil para todos os brasileiros. O futebol é um esporte em que tudo pode acontecer.
Você sente muita saudade do Brasil?
Sempre. Tenho muitos amigos, vamos sempre ao Brasil para rever todo mundo.
Você mudou muito desde que deixou o país, com apenas 18 anos?
Amadureci muito nesses anos, superei dificuldades, passei momentos difíceis. Mas continuo o mesmo, até mesmo na timidez para dar entrevistas.
Ainda acompanha os jogos do Vasco?
É mais difícil assistir aos jogos, mas acompanho sempre que posso. Quero aproveitar para dar os parabéns ao Vasco pelos 116 anos completados (quinta). Fui muito feliz lá, o Vasco foi a minha segunda casa.
Como vai o casamento?
Muito bem. Tem um ano e meio que nos casamos. Com 17 anos, a Aine largou tudo para viver o meu sonho. Ela me faz muito feliz.
Já tem um herdeiro a caminho?
Temos muita vontade de ter, vai depender da vontade de Deus. A gente treina todo o dia, faz um intensivo, tomara que venha logo!