Por bernardo.argento

Rio - O Papa Francisco (ainda) não foi canonizado pelos hermanos, mas alguns ‘fenômenos’ envolvendo o futebol na Argentina e Sua Santidade beiram um milagre. Que o diga a torcida do San Lorenzo, time do coração de Jorge Mario Bergoglio, que o tem como um santo homem. Afinal, desde que foi eleito Sumo Pontífice, no dia 13 de março de 2013, o time de Almagro foi campeão nacional após seis anos de jejum e, há um mês, conquistou a sonhada e inédita Copa Libertadores da América.

A relação deste simpático senhor de 77 anos de idade com o clube e com o velho esporte bretão são reveladas em detalhes no livro ‘O Papa que ama o futebol — A inspiradora história do menino que se tornou o Papa Francisco’, do escritor americano Michael Part, lançado esta semana em todo o Brasil pela Editora Valentina.

A biografia, que também traz detalhes dos bastidores da eleição no Vaticano, aborda muitos aspectos desconhecidos sobre a vida de Bergoglio. Mostra, além da devoção pelo esporte mais popular do mundo, suas origens — como a chegada de sua família de imigrantes italianos à Argentina, com direito à incrível história de que quase embarcaram no transatlântico Principessa Mafalda, que acabou naufragando.

A obra revela até a paquera de infância com Amália, a quem Bergoglio enviou uma carta profética: “Se você não se casar comigo, vou me tornar padre. Com amor, Jorge.” Mas o foco principal é o futebol, praticado por Bergoglio desde menino nas peladas com os amigos na pracinha Hermínia Brumana em Flores, bairro onde foi criado e cresceu tendo como ídolo o artilheiro René Pontoni.

Papa é torcedor fanático do San LorenzoReuters

TORCEDOR FANÁTICO

Exemplo de seu lado torcedor é retratado de forma curiosa. Já eleito Papa, Bergoglio chegou a Roma, após uma de suas viagens, e pegou um jornal, ávido para saber os resultados da rodada do Campeonato Argentino. Folheou as páginas por um bom tempo. Em vão. Frustrado, caminhou até sua valise, retirou o celular e digitou um texto: “Cheguei bem a Roma. Pode me dizer qual foi o placar do San Lorenzo?”

Procurou entre os contatos do celular o número do padre Alejandro Russo, reitor da Catedral Metropolitana de Buenos Aires e um de seus auxiliares. Então lhe enviou a mensagem. Após alguns segundos, a resposta: “O San Lorenzo derrotou o River Plate por 2 a 0.” Ele sorriu e respondeu: “Que bom! Obrigado!”

Outra história envolvendo o futebol é uma santa coincidência. No dia em que foi eleito Papa houve a extração da Loteria Nacional na Argentina: o número vencedor foi 8235, mesmo da inscrição de sua carteira de sócio do San Lorenzo. Alegria maior, porém, veio na semana passada, quando recebeu a visita dos jogadores, que levaram até ele, no Vaticano, a taça da Libertadores da América. Suprema (e justa) homenagem.

Papa nasceu na Argentina em 1936 arquivo pessoal

A trajetória de Bergoglio

Primeiro Papa das Américas, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936. Filho de imigrantes italianos, formou-se técnico químico antes de seguir o sacerdócio. Seu pai, Mario, era contador e sua mãe, Regina, dedicou-se à criação de cinco filhos. Entrou no Seminário Diocesano de Villa Devoto e no noviciado da Companhia de Jesus, completando os estudos de humanidades no Chile. Voltou em 1963 à Argentina, onde foi arcebispo de Buenos Aires.

Autor do livro desvenda um mistério

O escritor americano Michael Part é um apaixonado por futebol. Torcedor do Arsenal, escreveu as biografias de Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Mas não esconde o orgulho de sua obra sobre o Papa Francisco.

“Ele é um amante do futebol, que o influenciou e transformou o garoto no homem que se tornou Papa. Uma das primeiras coisas que descobri foi sobre uma entrevista em que se referia a uma partida à qual foi quando criança. Isso pareceu influenciar sua vida. Me impressionou um homem nos seus 70 anos falar sobre um duelo específico que viu quando tinha 10. Foi um jogo do San Lorenzo em 1946”, conta o escritor.

Part ressalta que o time foi campeão com Bergoglio indo a todos os jogos: “Descobri por que aquele jogo o tinha afetado tanto. É um dos temas centrais do livro.”

Livro conta história da paixão do Papa pelo futebolDivulgação


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