Por bernardo.argento

Rio - Botafogo é o mais recente dos grandes clubes que namora com paixão a volta à Segundona. Neste domingo, contra um time tecnicamente sofrível, jogando teoricamente em casa, seria favorito tranquilo em circunstâncias normais. Mas, nas atuais, é desafio pesado para um time que foi desmoralizado no meio de semana, que sofreu com jogadores lesionados ou improvisados, com a falta de qualidade do elenco, um técnico perdido e, principalmente, sem dinheiro no bolso.

O que a torcida pode esperar? No último jogo do Brasileiro, houve o quase milagre de vitória inacreditável, mas esses são espasmos ocasionais, como nos 4 a 3 sobre o Ceará. Na rotina, o Botafogo é fraco, vulnerável, instável e sofre com o emocional abalado. O seu ataque é o pior do campeonato. E, depois que o insano presidente livrou-se de quatro titulares para atender ao próprio ego, tudo desandou de vez. Só resta à amargurada torcida esperar o improvável. O resto é um futuro incerto, que coloca em xeque a própria instituição que viverá um 2015 na corda bamba, especialmente se for para a Série B.

Botafogo vive crise sem fim no BrasileirãoAndré Mourão

Desencontro

Esse episódio da ausência de Jefferson no jogo contra o Santos pegou mal para todos. O goleiro não avisou claramente que não teria condições de jogo e deixou o time na mão. Mesmo se estivesse mal, é estranho porque outros jogadores que estiveram com a seleção brasileira na China atuaram na véspera, como Diego Tardelli, com desgaste físico maior. Entende-se que, sem salários, falta motivação integral, mas tudo só prova o descompromisso e a desagregação interna.

O acidente

Foi chocante a imagem de Alecsandro com afundamento na testa depois do choque violento com um adversário. Não chegam a ser, especificamente, lesões comuns no futebol, mas estão se tornando uma incômoda rotina as pancadas na cabeça.Resultado direto da maior intensidade do futebol nos últimos tempos, de uma certa imprevidência de alguns jogadores e, talvez, de uma melhor orientação sobre a forma de intervir em um lance dividido.

Começar em casa

Ao contrário do que muitos imaginam, é melhor, na Copa do Brasil, começar jogando em casa, como fará o Flamengo na semifinal contra o Atlético-MG. É a melhor chance para tentar estabelecer vantagem e jogar a responsabilidade para o adversário no segundo jogo, principalmente pelo peso dos gols fora. Mas é claro que não pode dar o vexame do Corinthians de levar quatro gols no jogo decisivo. Os 2 a 0 da primeira partida eram bela vantagem, que exigiu goleada do Galo.

Sem confusão

Se Vanderlei voltar a falar de confusão hoje, é melhor pedirem para se calar. O Flamengo está estabilizado, só precisa de alguns pontos para se garantir na Série A e está fora do G-4. Hoje em Curitiba é uma boa possibilidade de pontuação. A perda de Alecsandro incomoda até por falta de similar e o jeito é esperar, na Copa do Brasil, a superação de nomes como Everton, Gabriel e, principalmente, Eduardo da Silva, que poderia ser eficiente em 90 minutos, e não apenas em parte do jogo.

Políticos esquecem cultura e, principalmente, esporte

Enquanto a baixaria toma conta dos debates, nossos políticos esquecem dois segmentos fundamentais para a sociedade. A cultura, base do conhecimento e que vai além da educação formal, ainda muito precária no país, e o esporte, válvula de escape não só para quem é profissional. Ele permite milhares de oportunidades de emprego e resgata a vida de muita gente, inibindo doenças e a ameaça das drogas. É um magnífico projeto para qualquer governo. Alguém ouviu falar por aí?

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