Por pedro.logato

Rio - Se o Brasileiro contemplasse uma reta final com disputas entre os quatro primeiros colocados, haveria muito mais emoção e não apenas a legítima festa dos cruzeirenses. Essa última rodada foi praticamente ignorada pelo torcedor, à exceção dos que torcem pelos clubes à beira da degola, o que, vamos combinar, não entusiasma ninguém. E não animou também a decisão do terceiro lugar para evitar um confronto a mais na Libertadores. Já imaginaram se, nesse período, estivéssemos vivendo as emoções de jogos decisivos pelo título com Cruzeiro x Corinthians e São Paulo x Inter? O campeonato estaria chegando ao fim de forma gloriosa. Em nome de uma justiça relativa e do temor de mata-matas no fim, chega- se a um anticlímax na melhor hora. Todos devem estar de cofres cheios. Não à toa que, na Série C, houve maiores públicos nas decisões e até em uma semifinal entre Fortaleza e Macaé com recorde de 60 mil pessoas no Castelão.
Cruzeiro foi tetracampeão brasileiro com duas rodadas de antecedênciaReprodução Facebook

QUE GOLAÇO!

A melhor coisa do jogo no Mineirão foi o gol sensacional de Marcelo Moreno em um voleio magnífico que deixou os adversários sem ação e o público, extasiado. O Cruzeiro fez a festa, foi melhor quase o tempo todo e o Fluminense fez apenas uma partida razoável, de algum empenho e o velho oportunismo de Fred, com o gol de rebote e a artilharia da competição. O Cruzeiro fechou o ano como o grande time em uma campanha irretocável, dez pontos acima do vice-líder.
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SEM DISFARCE
No jogo no Sul, Grêmio e Flamengo pareciam apenas interessados em não deixar uma impressão muito ruim. Mas não conseguiram. Fizeram uma partida bem fraca, com gols que saíram, no caso do Flamengo, em falha de Luan, e, no do Grêmio, em jogada irregular de Barcos. Mas isso não importava tanto porque, cheio de reservas, o Flamengo estava com a cabeça longe e o Grêmio fechou uma campanha decepcionante sob a inspiração de Luiz Felipe Scolari.
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MELANCOLIA
Mais uma vez, o Botafogo mostrou-se impotente para fazer um golzinho e desfilou sua incompetência de time rebaixado em um estádio tristemente vazio. O Galo até teve mais chances no primeiro tempo mas, na fase final,com um time reserva, conformou-se com o 0 a 0, pois não tinha razões para correr. O consolo do Botafogo foi que, dessa vez, não perdeu, mas foi lamentável a constatação de que o último a ficar na Série A precisou apenas de 40 pontos. Estava fácil não cair.
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SÓ PELO SANTOS

Há muito tempo não se nivelava tão por baixo a briga pela permanência na Série A. O Palmeiras contrariou os equivocados matemáticos, que falavam entre 43 e 36 pontos como patamar mínimo para não cair, e precisou da dignidade do rival Santos para se manter. Atuou mediocremente contra o Atlético-PR com um futebol de péssimo nível e ficou esperando a ajuda que veio em Salvador com o comportamento elogiável do Santos e a ruindade do Vitória de Ney Franco.

Keirrison salvou a festa de despedida de AlexDivulgação

MUITAS SAUDADES DO ÚLTIMO ROMÂNTICO

Alex chegou ao final de sua brilhante carreira conseguindo manter a técnica apurada, só periodicamente comprometida por problemas físicos. Qualquer despedida de um jogador de alto nível tem que ser lamentada por todos, ainda mais quando se trata de um legítimo representante de uma espécie em quase extinção. Mas Alex foi além disso com os seus golaços, a liderança e a consciência profissional. Só não lhe deram espaços na Seleção, mas isso não arranha a magnífica dimensão do seu estilo clássico, bem revelado na excelente entrevista dos companheiros Hugo Perruso e Rodrigo Stafford.
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