Por victor.abreu
França - O Catar propôs a compra de votos a responsáveis do futebol africano para ser eleito país organizador da Copa do Mundo de 2022, segundo denunciou nesta terça-feira um membro do comitê de candidatura, Phaedra Almajid, em uma entrevista à revista "France Football".
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Almajid assegura que participou de uma reunião em um hotel de Luanda, capital angolana, na qual um responsável catariano, através de uma intermediária que falava francês, disse a um dirigente africano que seu país queria doar US$ 1 milhão para sua federação.
Copa no Catar segue sendo alvo de polêmicas e denúnciasReprodução Twitter

O alto funcionário africano -cuja identidade não foi revelada- respondeu: "Ah, US$ 1 milhão... Por que não US$ 1,5 milhão?", segundo Almajid, que então, em janeiro de 2010, era responsável pelas relações com a imprensa estrangeira dentro da candidatura. O catariano, de acordo com esta versão, perguntou se contava com o apoio do africano, ao quem este respondeu que sim.

Uma conversa similar aconteceu uma hora depois na mesma suíte com outro dirigente, a quem foi oferecida diretamente a soma de US$ 1,5 milhão. Após o fato, o catariano pediu para empregada fazer silêncio sobre o que tinha presenciado. Na reunião, Almajid também sustenta que Espanha e Catar chegaram a se apoiar mutuamente em suas respectivas candidaturas -a Espanha tentava ser a sede em 2018- após várias visitas do comitê organizador árabe a Madri e Barcelona.

A fonte também lembrou que o presidente da Federação de Futebol, Hamad bin Khalifa bin Ahmed Al-Thani, que nunca viajava com o comitê da candidatura, os acompanhou em 2010 à Espanha para se reunir com seu colega, Ángel María Villar.

Segundo Almajid, "quando se tratava de viagens onde ocorriam as coisas mais comprometedoras, como no congresso da CAF em Luanda, (o povo do entorno do emir) não participava. Não devia haver nenhuma suspeita sobre o emir e nem sobre sua família".
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Em novembro, a Comissão de Ética da Fifa considerou que não aconteceu "nenhuma violação ou descumprimento das normas e regulamentos correspondentes" nos processos de candidatura para os mundiais de 2018 e 2022, concedidos em dezembro de 2010 à Rússia e Catar, respectivamente.
Assim afirmou o presidente do órgão de decisão da Comissão de Ética da Fifa, o alemão Hans-Joachim Eckert, que deu por encerrada a investigação sobre os procedimentos de candidaturas e adjudicação de ditos mundiais, após analisar o relatório que foi elaborado pelo órgão de instrução da citada comissão.