Por fabio.klotz
Rio - A frase ‘viva a vida’ retrata com perfeição o jeito Alberto Bial de ser. Um momento difícil se transformou em inspiração para o técnico do Basquete Cearense. Ele carrega o lema diariamente e não se furta de bradá-lo em programas de TV ao vivo e em entrevistas.
Bial aponta o caminho para o Basquete Cearense reagir no NBB Delima / Dubem / Divulgação

"Há três anos, tive um infarto, já havia tido dois problemas, mas este foi pesado. Fiquei no CTI, coloquei stent. A partir daí, passei a viver uma nova vida. Internado, aprendi a usar o Facebook para me comunicar com minha família. Aí eu escrevia que precisava viver intensamente e depois virou ‘viva a vida’. Não tem um momento de felicidade que deixo de dar este brado de viva a vida. Quando pronuncio me faz bem e passa uma mensagem legal", conta Bial.

O ‘jeito’ Bial é peculiar, com otimismo e energia de sobra. Ele explica a maneira de viver.
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"Eu tenho um prazer muito grande de estar vivo e comecei a entender muito melhor o milagre que é a vida quando fiquei mais velho. A cada dia eu me sinto mais jovem e energizado, sempre pautado pelo bem. Há o bem e o mal. E o mal está tomando conta do mundo. Eu sou do bem, de fazer as coisas corretas, de não ser leniente com as coisas ruins, de querer deixar um legado de herança bacana. Aquele cara que fez alguma coisa pela família, pela região. A minha religião é o basquete, que me dá energia, gana e vontade de fazer as coisas para o próximo. O mais importante é atrair os jovens para o esporte, para as coisas corretas."
O projeto de Bial levou um baque com a saída do patrocinador master no fim da temporada passada. Manter o time foi questão de honra para o técnico. Com investimento menor, o clube de Fortaleza sofre no Novo Basquete Brasil, com apenas duas vitórias em 13 jogos, ocupando a penúltima colocação do torneio. Nada que abale a confiança e o otimismo do treinador.
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"Nós perdemos o patrocinador master e com isso o orçamento caiu. Priorizamos para esta temporada um sub-22 muito forte, que está invicto na LDB, e sabia que correria riscos no NBB e enfrentaria dificuldades, mas mesmo assim estamos fazendo jogos de igual para a igual, faltando um pouco mais de experiência para fechar um jogo, ganhar um jogo. Eu tinha de ter coragem. Ou mantinha ou desativava. Não sou homem de largar um projeto no meio, um projeto que aprendi a amar e estou fazendo de tudo para ter uma sobrevida e ter uma temporada legal. Trabalhamos muito neste recesso, mudando algumas coisas. Tive um papo reto com todos para que a coisa fosse voltada para o coletivo, esquecer as questões individuais. Vamos correr atrás de um playoff, uma meta que tracei para nós no NBB", avisa Bial.
O comandante mira a reação a partir desta quarta-feira, quando o time enfrenta, às 20h, o Paulistano, no Ginásio Paulo Sarasate. Será o primeiro dos seis jogos seguidos em Fortaleza. Oportunidade de embalar e melhorar a posição na tabela.
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"O time está preparado para buscar uma reação. Se vai conseguir é outra coisa. A ideia é fazer uma reação muito forte dentro de casa para embalar e atingir esta meta de se classificar entre os 12", projeta.
Altos e baixos da garotada
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Bial comanda um elenco recheado de jovens. A garotada vive altos e baixos, alternando NBB e LDB. No torneio sub-22, o Basquete Cearense é o líder e está invicto, com 17 vitórias.
"Quando saiu o patrocinador, falei que ia lutar para conseguir um orçamento para manter esta equipe em atividade. Este sub-22 ficou trabalhando comigo. Surgiu a possibilidade de jogar o Campeonato Paulista pelo Lins. Aí começamos a contratar alguns jogadores adultos, mas sempre com o sub-22 como essência, DNA do time. Temos destaques. Davi se tornou destaque nacional, com nível altíssimo. Ele precisa estar em qualquer seleção de novos. Erick, Victinho e Romulo estão se desenvolvendo e formam o pilar de uma equipe competitiva. Quando chega ao adulto, apenas o Davi está mantendo o padrão. Os outros ainda sentem um bocado, o que é natural", avalia.
Bial transmite energia aos atletas%3A pedido de tempo é um show à parteDelima / Dubem / Divulgação

O técnico vive com intensidade o dia a dia à frente do Basquete Cearense. O objetivo vai além das quadras. Bial não esconde a dedicação.

"Com Fortaleza e o estado do Ceará sei que teve uma fidelização, uma sinergia muito grande, aquela paixão, mas temos muita coisa a avançar. Não chamo nem mais de projeto, mas de obra, feita com muito amor, sacrifício. A parte de cativar e ter o cearense ao nosso lado nós conseguimos. Mas queremos chegar ao título nacional, formar e preparar vários jogadores, usar o basquete como uma ferramenta de socialização. Tudo isso está embrionário. Com este projeto de quatro anos (Bial acertou uma parceria para o time) na próxima temporada vamos chegar perto desta meta. Só insistir é legal, mas é pouco para mim. Se um dia eu for embora, quero deixar uma obra moderna, de vanguarda", encerra.

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