Rio - Depois de uma longa novela, o basquete brasileiro deve, enfim, saber neste final de semana se terá a vaga como país-sede para as Olimpíadas do Rio 2016. A partir de sexta-feira, a Fiba (Federação Internacional de Basquete) vai reunir seu comitê executivo em Tóquio para debater e votar esse e outros assuntos.
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A indefinição em relação à vaga se dá por conta de uma dívida da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) com a entidade internacional, referente ao pagamento de um convite para que a seleção masculina pudesse disputar a Copa do Mundo de 2014, na Espanha. Na ocasião, por não conseguir classificação em quadra, o Brasil teve que recorrer a uma das quatro vagas para convidados, para não ficar fora pela primeira vez na história da competição.
Abaixo, entenda como se formou o imbróglio que deixa indefinida a situação da seleções brasileiras masculina e feminina às vésperas das Olimpíadas de 2016. Os times estão se preparando para a próxima Copa América, que serve como Pré-Olímpico, ainda no escuro.
18 Julho de 2013 – Pedidos de dispensa
A Copa América de 2013, na Venezuela, distribuiria quatro vagas para a Copa do Mundo do ano seguinte. O técnico Rúben Magnano, então, convocou seus atletas mais prestigiados para a competição. No dia da apresentação, muitos não apareceram. Foram nada menos que sete pedidos de dispensa, incluindo Nenê Hilário, Leandro Barbosa, Tiago Splitter, Lucas Bebê e Vitor Faverani, todos com vínculos com a NBA na época.
13 de agosto de 2013 – Mais uma baixa
Já com o elenco desfalcado, a seleção se preparava para a Copa América quando mais um jogador com status de titular pediu para ser dispensado. Alegando uma lesão na perna, o ala Marquinhos deixou o grupo.
3 de setembro de 2013 – Um vexame
Com uma equipe desfigurada, o Brasil perde em sequência para eternos sacos de pancada como Uruguai e Jamaica e encerra a Copa América com quatro derrotas em quatro jogos, a pior da história do país na competição. Fora ainda na primeira fase, fica sem vaga para a Copa do Mundo. No retorno ao Brasil, Magnano dispara críticas contra atletas que pediram dispensa, dizendo que se sentiu "traído".
31 de outubro de 2013 – A última chance
O Brasil se põe como candidato a um dos quatro convites que a Fiba 'distribuiria' (na verdade, venderia) para a Copa do Mundo de 2014, na Espanha. O país concorre ao lado de outros 14 postulantes: Nigéria, Canadá, Venezuela, China, Catar, Bósnia, Finlândia, Alemanha, Grécia, Israel, Itália, Polônia, Rússia e Turquia. Era a última chance de disputar o torneio.
1º de fevereiro de 2014 – Convidado
A Fiba confirma o Brasil como um dos quatro selecionados para receber o convite para a Copa do Mundo do mesmo ano, ao lado de Grécia, Finlândia e Turquia. Como parte das exigências, a CBB se compromete a pagar a importância de US$ 1 milhão à federação internacional.
22 de fevereiro de 2014 – Primeiro alerta
Três semanas depois de formalizar o convite ao Brasil, o secretário-geral da Fiba Americas Alberto Garcia, presente no Jogo das Estrelas do NBB, fez o primeiro alerta sobre o risco do país ficar sem a vaga automática nas Olimpíadas de 2016 em caso de não pagamento do convite. O dirigente também teceu duras críticas à administração da CBB.
10 de setembro de 2014 – O Mundial
Desta vez contando com todos os seus astros, o Brasil fez campanha honrosa na Copa do Mundo, terminando na sexta colocação. Os comandados de Rúben Magnano caíram nas quartas de final diante da Sérvia.
1º de julho de 2015 – Nada garantido
Mais de 15 meses depois do primeiro alerta feito por Alberto Garcia, a CBB segue com uma dívida de cerca de US$ 700 mil com a Fiba, que recusa a proposta de parcelamento da quantia e adia a decisão sobre a vaga ao Brasil como país-sede das Olimpíadas de 2016. A definição fica para o congresso geral da entidade, a ser realizado entre os dias 7 e 9 de agosto, em Tóquio.
31 de julho de 2015 – Convocados
Rúben Magnano convoca 15 jogadores para os treinamentos visando a disputa da Copa América de 2015, no México. O treinador deixa de fora os atletas da NBA e chama a base que dias antes se sagrou campeã dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, confiante que o imbróglio com a Fiba teria desfecho positivo. Caso a vaga automática como país-sede não seja concedida, o Brasil terá que conquistar na quadra o direito de disputar as Olimpíadas em casa. Apenas os dois finalistas da Copa América se classificam.
7 a 9 de agosto de 2015 – Hora da verdade
A alta cúpula da Fiba estará reunida em Tóquio, no Japão, para o congresso geral da entidade. Uma última proposta para o pagamento da dívida será analisada, dessa vez com garantia de pagamento por parte do Bradesco e da Nike, patrocinadoras da CBB. Estreando justamente no dia 9 na Copa América em Edmonton, no Canadá, a seleção feminina pode entrar em quadra ainda sem saber se terá ou não vaga em 2016. Assim como o time masculino, as meninas terão que conquistar na quadra o direito de disputar os Jogos do Rio de Janeiro caso a posição como país-sede não seja concedida. No torneio feminino, apenas as campeãs garantem vaga.