Por victor.abreu

São Paulo - A volta de Acelino "Popó" Freitas é a grande notícia do combalido boxe brasileiro nos últimos tempos. Mas ninguém, nem mesmo o ex-campeão mundial dos superpenas e leves, sabe se ele tem combustível suficiente para percorrer novamente o caminho rumo a um novo cinturão. Mas o sobrenome Freitas tem outra possibilidade de continuar a fazer história no pugilismo nacional, ainda que de forma artificial.

Vitor Jones de Oliveira, sobrinho de Popó, espertamente exige que seu nome apareça grafado nas programações e cartazes de boxe como Vitor Freitas. O novo baiano, de 22 anos, percebeu que o nome Freitas ainda é forte nos EUA logo em sua estreia, que se deu no Edgewater Casino, perto de Las Vegas, em 2012. O promotor de suas lutas é Arthur Pellulo, o mesmo que conduziu a carreira de Popó. Com ele, Vitor espera abrir portas no mundo do boxe.

Vitor Jones faz a principal preliminar na rodada de boxe deste sábado%2C na Arena SantosDivulgação

Vitor Jones (ou Freitas) faz neste sábado a principal preliminar da noitada de boxe da Arena Santos. Enfrentará novamente o pernambucano Sidney Siqueira, que é treinado pelo competente Messias Gomes. Em junho, os dois se enfentaram no mesmo ginásio, numa luta renhida, decidida pelos jurados, com vitória do baiano. Neste sábado estará em disputa o cinturão brasileiro dos leves (até 61,2kg).

Mas Vitor não manifesta a menor preocupação, com a arrogância estudada empregada por tantos boxeadores. "Rapaz, aquela luta a gente fez na categoria dele. Agora vamos na minha. Isso muda muito as coisas. Estou mais bem treinado. Ele é muito experiente, mas não é um boxeador que eu admiro, não".

Invicto, com 11 vitórias, sendo seis por nocaute, Vitor já conseguiu, com suas bolsas, melhorar a vida de sua mãe, que pedia esmolas num shopping de Salvador. "Reformei a casa que era da minha avó. Bati uma laje e agora ela mora lá, com o meu padrasto. Lava umas roupas e recebe um dinheirinho com isso. Ajudo fazendo compras".

Vitor retomou a carreira depois de cumprir 15 meses de suspensão por uso de testosterona sintética. O exame deu positivo logo em sua primeira luta, que venceu de forma empolgante, com nocaute no primeiro assalto em Rocco Espinoza. O boxeador disse que fez uso de um produto chamado "abelhinha", que conheceu nos tempos de amador, alegando não saber que se tratava de uma substância dopante.

Durante o "gancho", o lutador foi trabalhar numa loja de roupas, perto do Pelourinho. Na retomada da carreira, mais de um ano depois, mostrou que não perdeu o jeito: nocaute técnico no norte-americano Martin Quezada, em Denver.

Mesmo com o bom número de vitórias pela via rápida, Vitor admite que não tem, "nem de longe", pegada parecida com a do tio, famoso pela mão pesada. "Alguns falam que meu estilo se parece com o do meu tio, outros dizem que não. Ele quer sempre resolver as lutas logo, partindo para cima. Eu penso um pouco mais, trabalho as pernas. Se eu meter a mão e o adversário sentir, tento derrubar, mas não tenho pressa".

Vitor tem pressa, isto sim, de ser campeão mundial, objetivo que recita desde o início de sua carreira. Nunca teve muita paciência com o boxe amador, e medalhas e Jogos Olímpicos jamais o seduziram. "Entrei na seleção brasileira, quando era amador, só para pegar umas malícias, viajar um pouco. Tenho um estilo mais de profissional. Agora quero ganhar experiência, ir formando um bom cartel, e ser campeão mundial até 2017", diz o rápido pugilista, ansioso por provar que é um legítimo Freitas. Apesar de não ser.

* Reportagem de Alessandro Lucchetti

Fonte iG

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