Por fabio.klotz

Rio - O bairro de São Cristóvão preserva parte da história do Rio de Janeiro. Mas o lugar que abrigou a família imperial também guarda um capítulo especial do futebol carioca. O tradicional estádio do São Cristóvão, na Rua Figueira de Mello, comemora seu centenário este ano. E o clube cadete, que no passado fazia frente aos grandes no futebol e no remo, quer escrever o futuro com um toque feminino.

Silvani Maria exibe camisa autografada pelo Fenômeno e tenta levar o São Cristóvão novamente ao caminho das glóriasAndré Mourão / Agência O Dia

Silvani Maria, 42 anos, é gerente de futebol do São Cristóvão desde 2014. Com fama de linha dura, ela recebeu um apelido pouco maternal dentro do clube.

“O pessoal daqui costuma me chamar de Capitã Nascimento, Margareth Thatcher, Mão de Ferro, porque sou séria no que faço”, brinca.

E é preciso mesmo seriedade para cumprir a dura missão: o clube não figura na elite do Campeonato Carioca desde 1995 e disputa atualmente a Série B do Estadual, depois de garantir o acesso no ano passado. O clube, que em novembro próximo vai comemorar os 90 anos da conquista do único título do Carioca, encontra hoje sérios problemas financeiros. Apesar dos pesares, Silvani encontrou no acanhado estádio um abrigo, literalmente.

“Eu moro em Cabo Frio e, pela distância, não dá para voltar para casa diariamente. Em três ou quatro dias da semana eu acabo dormindo aqui na Figueira mesmo”, explica.

Seriedade é uma das armas de Silvani MariaAndré Mourão / Agência O Dia

O estádio recebeu sua primeira partida em abril de 1916, em um duelo com o Santos, que terminou em 1 a 1. Hoje, em comum, as duas equipes têm apenas a cor da camisa, branca, tradicional - o São Cristóvão, inclusive, é o único clube do mundo, com autorização da Fifa, para ter apenas o primeiro uniforme.

Ronaldo distante

Foi ali, quase debaixo do viaduto, que Ronaldo Fenômeno, ainda menino, deu seus primeiros passos no futebol. Tão logo se destacou nas categorias de base, ele se transferiu para o Cruzeiro, em 1993, e depois ganhou o mundo. Mas é com orgulho que o São Cristóvão ainda hoje estampa no muro a frase “Aqui nasceu o Fenômeno”. A relação entre Ronaldo e o clube, no entanto, é distante. Renato Campos, que conheceu o Fenômeno e hoje é gerente-administrativo do São Cristóvão, lamenta o distanciamento.

“Seria bacana uma aproximação maior entre nós e o Ronaldo. Não queria ajuda financeira dele, apenas uma aproximação com nossa marca, que é forte por si só, mas precisa de ajuda”, afirma.

Reportagem de Yuri Eiras

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