Por edsel.britto

Rio - No antebraço direito, Amauri Alves Viana exibe a tatuagem recente com o símbolo da Rio-2016. Com a convocação para a Paralimpíada do Rio, ele realizou parte do seu sonho na seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas. A segunda etapa é estrear na competição, quinta-feira, contra os Estados Unidos, na Arena Olímpica, dando início à caminhada rumo a uma inédita medalha do país na modalidade.

“Estava ansioso (para a convocação) e ainda estou para a estreia, para a gente tirar aquele peso do primeiro jogo, conhecer a quadra, o adversário e ver como vai ser a torcida”, diz Amauri.

Amauri exibe a tatuagem da Rio-2016 feita recentementeErnesto Carriço / Agência O Dia

Como a maioria dos adolescentes brasileiros, o futebol era a paixão de Amauri. Mas um acidente de carro em 2006 o deixou paraplégico e encerrou as chances de uma carreira nos gramados. Até conhecer o basquete em cadeira de rodas, ele demorou a aceitar a nova condição. Mas, através do esporte, redescobriu o prazer de competir em alto nível.

“Eu voltei a ter vida social. Depois que entrei no basquete, passei a ser profissional, a conhecer mais pessoas, mais atletas, ir mais além. O esporte me tirou de casa, hoje é minha vida, está no meu sangue”, conta Amauri.

A dinâmica do novo esporte não é muito diferente dos tempos em que jogava futebol. O som do choque entre as cadeiras chama a atenção durante as disputas de bola na quadra. Até nos treinos a marcação não costuma aliviar, e o nível de cobrança do técnico Tiago Frank é intenso.

“É um esporte de alto rendimento. Muitas pessoas pensam que é inclusão. Inclusão é quando você fica deficiente e está conhecendo a vida do cadeirante. Aqui é alto rendimento. A gente treina igual ou além dos olímpicos. Quero que tenham uma visão que é profissional, que estamos aqui para lutar como os olímpicos lutaram”, afirma Amauri, que complementa: “Aqui é pegado, ninguém quer perder.”

As cadeiras de roda, que custam por volta de R$ 8 mil, são adaptadas e padronizadas pelas regras da Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas. O jogador deve quicar, arremessar ou passar a bola a cada dois toques dados nas cadeiras. A melhor campanha do Brasil em Paralimpíadas foi das mulheres, em Atlanta-1996 e Pequim-2008, com o oitavo lugar. O masculino chega ao Rio com grandes ambições.

“Numa Paralimpíada, ninguém é bobinho, ninguém vem para perder, todo mundo se prepara como a gente. São 11 adversários que a gente tem que estar vigiando e fazer o nosso”, diz Amauri.

Medalha de bronze no Parapan de 2015, a Seleção feminina estreia contra a Argentina, quinta-feira, na Arena Carioca 1.

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