Por luis.araujo
Rio - Adriana Samuel é uma mulher de múltiplos talentos. Após fazer sucesso no vôlei, nos anos 1980, alcançou o topo do esporte nas quadras de areia. Ganhou duas medalhas olímpicas, um bronze em Sydney-2000, na dupla com Sandra, e uma prata nos Jogos de Atlanta-1996, com a parceira Mônica — a final verde e amarela contra Jacqueline/Sandra consagrou a primeira medalha feminina no esporte brasileiro. Após encerrar a carreira em 2001, Adriana, hoje, rouba a cena no mundo do marketing esportivo. Não só empresaria atletas de ponta, como é gestora dos principais projetos do segmento no Brasil. 
Adriana Samuel com os alunos da sua escolinha em Copacabana. O projeto de inclusão é voltado para as crianças carentesLuiz Ackermann / Agência O Dia

“Nos doze anos em que joguei vôlei de praia nunca fiquei sem patrocínio, graças a Deus. Lembro que o Ary Graça (ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei) me disse que eu era diferente e podia ir para a CBV para aprender um pouco, pois levava jeito. Tenho essa veia empreendedora”, diz Adriana, que, ao longo da carreira de atleta deixou três faculdades pelo caminho: Letras, Psicologia e Educação Física. 

“Mas terminei o curso de gestão em marketing esportivo na Fundação Getúlio Vargas. Sempre tive uma atração por esta área. Acho interessante fazer o que fazia para mim, montar projetos, fazer uma apresentação comercial. Sempre achei incrível o mundo empresarial”, revela, sem esconder o entusiasmo.

O conhecimento assimilado no curso, somado ao natural tino comercial e à forte intuição, que nortearam sua carreira, chamaram a atenção do mercado. Hoje, além de empresariar atletas e prestar consultoria, Adriana Samuel é gestora de três das principais ações de marketing esportivo do país, nos times Petrobrás, Embratel e Furnas. Tais projetos reúnem medalhistas como as judocas Rafaela Silva e Mayra Aguiar, o canoísta Isaquias Queiroz e o nadador paralímpico Daniel Dias, entre outros astros e estrelas.

“Faço a parte toda de consultoria junto com a empresa,montamos o time, definimos critérios, formatos. Depois cuido dos contratos e da uniformização, como entra a marca. Por fim vem o acompanhamento. Estou sempre de olho se o atleta está jogando, se está sempre usando o uniforme, o boné, se vai aos programas. Faço essa fase que é a mais delicada”, explica Adriana, que há seis anos conta com o apoio de uma equipe pontual. 

Adriana ensina a um pequeno aluno os segredos do saque. O fundamento era um dos seus trunfos como jogadoraLuiz Ackermann / Agência O Dia

Mas nem tudo é um mar de rosas. “Às vezes, temos problemas por eles não exibirem a marca. Chamo a atenção, mas sempre com muito cuidado para falar com o atleta, pois tem a questão da vaidade, do ego. É um trabalho muito profissional e bacana”, revela, orgulhosa.

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Um dos fatores que ajudam no seu dia a dia com as estrelas do esporte é o seu passado vitorioso. Na véspera do Natal, Adriana ganhou de presente das velejadoras Martine Grael e Khaena Kunze um quadro da regata que deu à dupla a medalha de ouro nos Jogos do Rio. 

“Foi lindo, inesperado, me tocou. No bilhete, elas falaram que se inspiram um pouco em mim como mulher, ser humano e atleta. É o meu trabalho. Mas a gente coloca tanta dedicação e paixão no que faz que acaba passando para os atletas”, revelou Adriana. 

As relações, porém, nem sempre começam bem. “Algumas começaram de forma desconfiada. Neste universo de agentes, acontece muita coisa que não é legal. O próprio Isaquias recebeu meu telefonema meio seco e desconfiado. Hoje temos uma relação superbacana, com confiança. Credibilidade é fundamental. Ninguém compra na farmácia ou no supermercado”, garante Adriana.