Por jessyca.damaso

Rio -  O que era pra ser apenas mais um campeonato de jiu-jítsu virou um grande exemplo de força de vontade e uma celebração à inclusão social. No último domingo, o Grajaú Country Club recebeu o Sul-Americano de Jiu-Jítsu, organizado pela Sport Jiu-Jitsu South American Federation (SJJSAF), que teve a participação do lutador José Aldo. Ele enfrentou o faixa roxa Jonathan Pitbul, que tem síndrome de down, numa luta que emocionou a todos no ginásio.

José Aldo e Jonathan Pitbul pertencem a mesma equipe, a Nova UniãoFlashsport

"Fico muito feliz de poder participar dessa ação e da oportunidade que o Jonathan me deu de viver isso. A gente sempre sonha em fazer o bem. Ele me abraçou, me beijou, mas na hora da luta me deu logo uma queda, muito plástica, muito bonita. Posso dizer que hoje eu aprendi bastante com ele, uma verdadeira lição de vida. Saio daqui mais forte, sabendo que sirvo de inspiração para tantas pessoas especiais. Também já tive ídolos em quem eu me inspirava e hoje é muito gratificante estar do outro lado", disse Aldo após a luta.

As lutas adaptadas são realizadas desde 2013, quando a Federação Sul-Americana foi fundadaFlashsport

Jonathan já sonhava conhecer Aldo há muito tempo. Apesar de serem da mesma equipe, a Nova União, o Pitbull treina em Sulacap, perto de onde mora, e o ex-campeão do UFC, no Flamengo. Coube ao professor de Jonathan, André Seabra, realizar o sonho do aluno.

"Fui pra cima porque eu gosto muito dele, é meu ídolo e realizou meu sonho. Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Você viu a queda que dei nele? E ainda peguei o braço no arm-lock. Passei o carro nele, sou o mais brabo da Nova União", disse o faixa roxa.

As lutas adaptadas são realizadas desde 2013, quando a Federação Sul-Americana foi fundada. Desde então, centenas de atletas especiais passaram pelos tatames nas competições da SJJSAF. No Sul-Americano, além de Jonathan, outros 19 lutadores, com necessidades especiais diferentes, participaram dos combates, mostrando que o jiu-jítsu pode, realmente, ser praticado por todos.

"O jiu-jítsu é muito mais do que um esporte, do que uma arte marcial. Ele é um instrumento de educação, inclusão social, cultura e saúde. Todo lutador de jiu-jítsu é um estandarte vivo da cultura brasileira. Eu, como professor e presidente de uma federação tão importante, me sinto na obrigação de trabalhar para que o esporte seja uma forma de minimizar as diferenças e gerar oportunidades. Aproveito para agradecer ao José Aldo, que atendeu prontamente ao nosso convite e mostrou mais uma vez que não é um campeão na luta apenas, mas na vida", disse Cleiber Maia, presidente da SJJSAF.

Ao todo, cerca de 1500 atletas participaram da competição. A equipe GFTeam foi a grande campeã nas categorias adulto (398 pontos) e infantil (412), seguida pela Nova União em ambas (330 e 310, respectivamente). O terceiro lugar ficou com a Game Fight, no infantil (148), e com a Pitbull no adulto (178). Ainda no evento, aconteceu o 1º Campeonato Sul-Americano de Surdos, que reuniu cerca de 50 atletas.

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