A engenheira Bárbara Togashi, que pratica canoa havaiana em Niterói - Arquivo Pessoal
A engenheira Bárbara Togashi, que pratica canoa havaiana em NiteróiArquivo Pessoal
Por ANA CARLA GOMES

Rio - O dia deles começa muito cedo. Ainda de madrugada, já estão de pé, movidos pela paixão pelo esporte e seguindo uma rotina que requer muita disciplina. Como recompensa, ganham o privilégio de verem o sol nascer em lindas paisagens e, depois de acordarem o corpo com uma boa dose de atividade física, seguem para a jornada de trabalho com ânimo renovado.

Em Charitas, Niterói, o horário de 5h45 é o da primeira turma que entra na água para praticar a canoa havaiana. A engenheira civil Bárbara Togashi, de 30 anos, começou no esporte sem pretensão e confessa que, num primeiro momento, o horário estava longe de ser um atrativo. "Neste mês, está completando um ano que eu comecei a remar. Fui a convite do meu namorado, que já remava, que já foi a convite de amigos. Ou seja, é uma comunidade de amigos. Fui sem pretensão alguma, estava sedentária. Mas fiz a aula experimental e senti a energia das pessoas", conta. Ela vai dormir no máximo às 22h, acorda às 5h e, após remar, sai do clube direto para o trabalho, também em Niterói: "Já arrumo minhas coisas, com a roupa para o trabalho, um sapato ou uma sandália. Se esquecer, terei que ir para o trabalho de chinelo", brinca.

Na mesma turma da madrugada em Charitas está o gerente de contas Antonio Abreu, de 49 anos, que hoje fará sua estreia em competições. Ele vai dormir às 22h e acorda às 4h30 de duas a três vezes na semana para praticar a canoa havaiana. Mas antes faz meditação e yoga em casa.

UM ESTILO DE VIDA

"Sempre tive uma ligação muito forte com o mar. Minhas irmãs mais velhas começaram na canoa havaiana antes de mim e se apaixonaram. O meu projeto de 50 anos é continuar na canoa, ter isso como um estilo de vida. Já faz parte de mim, quando não remo sinto muita falta. Me dá muita disposição", conta Antonio, que se arruma no clube e sai de lá direto para o trabalho, em São Cristóvão.

A diretora de escola Flavia Mathias, de 50 anos, reforça a turma que madruga pelo amor ao esporte, seguindo a disciplina de dormir cedo para estar de pé já de madrugada. "Meu filho de 21 anos também pratica e a canoa nos aproximou muito. Ele nunca foi de acordar cedo, mas agora acorda até antes de mim. Eu tenho uma carga pesada de trabalho, mas a canoa ajuda a dar uma desopilada para aguentar até as 19h. Dá uma energia boa para começar o dia. E, quem experimenta, fica", garante Flavia.

PAIXÃO PELO CICLISMO É MOTIVAÇÃO
Publicidade
O educador físico Luiz Claudio Fortunato, de 43 anos, se sente um privilegiado por ter a chance de ver e registrar o nascer do sol o ano todo, durante as quatro estações. "É fantástico. Nunca vou enjoar e não perco a oportunidade de fotografar", conta. Fortunato treina na APCC (Área de Proteção ao Ciclismo de Competição) do Aterro do Flamengo, que funciona de terça à quinta, das 4h às 5h30, oferecendo maior segurança aos ciclistas. Morador do Méier, ele precisa se levantar às 2h30 para preparar seu material e sua mochila para encarar a jornada de trabalho depois de pedalar, ele dá aulas em academias da cidade.
"Posso ser suspeito para falar, mas qualquer pessoa que pratica atividade física antes de trabalhar percebe a mudança porque ativa os lados físico e mental. Parece que a pessoa vai chegar cansada para trabalhar, mas já chega em outra energia", diz Fortunato. Ele conta que dorme muito pouco, mas que consegue fazer uma pausa na hora do almoço para descansar, antes de retomar o trabalho. "O ciclismo é tudo. É uma maneira de me manter saudável e também bem treinado. Na pedalada você resolve os seus problemas", resume.
Publicidade

ROTINA E DISCIPLINA
Publicidade
Praticante do triatlo, o hoteleiro Raphael Pazos, de 43 anos, encara os treinos de ciclismo na madrugada do Aterro do Flamengo, conciliando trabalho com a rotina em família. Para os treinos de corrida, às quartas e sextas, às 6h, ele também precisa madrugar.
"A rotina e a disciplina do esporte você leva para o trabalho. A gente faz o esporte por amor porque ninguém ganha dinheiro com isso. Mas você não fica cansado", conta Raphael, sentindo-se um privilegiado: "Quem vai estar às 6h na Vista Chinesa de bicicleta no inverno? Você tem a chance de descobrir o Rio, ou a cidade em que você mora, por outros olhos. E, agora com as redes sociais, você também consegue motivar outras pessoas".
Você pode gostar
Comentários