Tifanny se destacou com 28 pontos no jogo entre o Sesi Bauru e o Sesc RJ pelas quartas de final da Superliga feminina de vôlei - Divulgação Sesc
Tifanny se destacou com 28 pontos no jogo entre o Sesi Bauru e o Sesc RJ pelas quartas de final da Superliga feminina de vôleiDivulgação Sesc
Por O Dia

Rio - Volta à tona a polêmica sobre a participação de transexuais no esporte — que ganhou repercussão com a presença de Tifanny na Superliga feminina desde a última temporada. O deputado Rodrigo Amorim (PSL) apresentou projeto de lei que estabelece que o sexo biológico seja o único critério para a definição do gênero de competidores em partidas oficiais no Estado do Rio, conforme publicado ontem no 'Informe do Dia'. Se aprovado, vetará a participação de pessoas trans em qualquer modalidade relacionada ao sexo oposto. A ideia é semelhante à do deputado estadual Altair Moraes (PRB), de São Paulo.

"O ponto de partida é que existe uma diferença fisiológica entre homens e mulheres. Não estou entrando no mérito do direito à sexualidade, que é algo relacionado à liberdade individual. Não quero entrar nessa seara. O fato é que há uma diferença fisiológica, que faz com que a compleição muscular de um homem seja muito diferente da de uma mulher. Na questão esportiva, isso faz com que essa desigualdade seja muito marcante", afirmou Rodrigo Amorim. O deputado acredita que, no caso de Tifanny, sua "diferença fisiológica" seja decisiva para o seu time, o Sesi-Bauru. 

A proposta de Altair afetaria Tifanny, que joga pelo time paulista. Para atuar em competições femininas, ela precisa passar por tratamento hormonal e fazer testes que comprovem determinado nível de testosterona conforme recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em nota, a Confederação Brasileira de Vôlei reafirmou sua posição: "Sobre a situação da Tifanny, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) adota como critério nos casos tidos como de transgêneros/transexuais, o consenso do Comitê Olímpico Internacional (COI) de novembro de 2015 sobre o reposicionamento de gênero e hipoandrogenismo. A CBV respeita todas as opiniões e segue as diretrizes do COI".

O caso de Tifanny voltou a ser motivo de polêmica quando o técnico Bernardinho, do Sesc RJ, foi flagrado pela TV afirmando: "Um homem é f...", após a ponteira ter feito um ponto na partida em que o Bauru eliminou a equipe carioca da Superliga feminina. O treinador se desculpou: "Não foi minha intenção de forma alguma ofendê-la, me referia ao gesto técnico e ao controle físico que ela tem, comum aos jogadores do masculino e que a maior parte das jogadoras não tem".

Tifanny aceitou as desculpas: "Nós mulheres trans começamos a jogar vôlei, mas aprendemos movimentos masculinos que as mulheres não aprendem. Esse movimento eu treino porque meu técnico era de Seleção masculina".

No Twitter, a ex-jogadora Ana Paula entrou na discussão: "Num post de um perfil LGBT que ataca brutalmente Bernardinho por ter dito a verdade, a lucidez é mostrada exatamente nos comentários da própria comunidade gay que, em absoluta maioria, não concorda com homens biológicos competindo, vencendo e batendo recordes de mulheres". E argumentou: "Existe uma recomendação do COI, segue quem quer". 

Tifanny, por sua vez, reforçou que está dentro da lei.

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