O repórter Yuri Eiras viveu a experiência do VAR. O botão vermelho é para se comunicar com o árbitro e o verde para pedir a revisão das jogadas - FOTOS Marcio Mercante / Agência O Dia
O repórter Yuri Eiras viveu a experiência do VAR. O botão vermelho é para se comunicar com o árbitro e o verde para pedir a revisão das jogadasFOTOS Marcio Mercante / Agência O Dia
Por Yuri Eiras

Ser árbitro é um ofício pra lá de ingrato: se apita bem, não faz mais do que obrigação. Se vai mal, haja ofensa à mãe do coitado. O Campeonato Brasileiro que começa hoje terá como novidade a implementação do árbitro de vídeo, o VAR, que já foi usado no Carioca. A intenção é diminuir os erros dos homens do apito. A convite da CBF, jornalistas acompanharam um treinamento da Seleção sub-15 na Granja Comary, em Teresópolis. Experimentei ser VAR por um dia e entendi por que todo garoto quer ser jogador, mas ninguém sonha ser juiz. 

A cabine do VAR funciona com seis árbitros que acompanham o jogo pelos monitores, cada câmera com um ângulo diferente. Fui VAR por alguns minutos, e a impressão é que o destino da partida está nas minhas mãos. Ali, a brincadeira era uma simulação de ataque contra defesa. Imagine em um jogo decisivo, com estádio lotado. Haja sangue frio.

A ferramenta entra em ação em quatro tipos de lance: gol em impedimento, pênalti, cartão vermelho e erro de identificação (como dar cartão ao jogador errado). Se um erro é identificado pela cabine, o árbitro de campo é avisado. Ele, então, faz o já clássico gesto de revisão (um quadrado com os dedos), e corre para a tela que fica na lateral do gramado. A palavra final sempre será do homem do apito. O VAR apenas sugere.

Em campo, os atletas simulavam lances duvidosos, e os jornalistas deveriam apontar quais mereciam checagem. Fui testado em pênaltis e impedimentos, e errei em boa parte deles. Demorei a tomar decisões e achei que qualquer lance era motivo para me comunicar com o campo. Raphael Claus, árbitro Fifa, ficou incomodado com tanta conversa no seu fone de ouvido. Resolvi calar para não tomar advertência.

O Brasil será o primeiro país da América do Sul a adotar o VAR em sua competição principal. A ferramenta deve custar em média R$ 50 mil por partida. A CBF ofereceu palestras aos times que não jogaram com a tecnologia. Leonardo Gaciba, novo chefe de arbitragem da entidade, pede a compreensão dos jogadores 'reclamões'.

"É fundamental que todas as pessoas envolvidas no futebol brasileiro colaborem. Estamos num momento do Brasil em que seria muito bom trazer a justiça para o futebol. Doa a quem doer, o importante é a justiça", comentou.

A entidade ministrou um curso aos árbitros: 90 estão aptos a operar como VAR principal, e 184 podem ser assistentes. Desejo boa sorte a todos eles. Eu tô fora!

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