Elenco do Bonsucesso conseguiu feito após 36 anos - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Elenco do Bonsucesso conseguiu feito após 36 anosDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por HUGO PERRUSO

Rio - Justamente quando o bairro da Zona Norte do Rio voltou a ser falado no país graças à novela da 'TV Globo', o Bonsucesso também conseguiu se reintegrar ao futebol brasileiro. Ao se classificar à final da Copa Rio — o primeiro jogo contra a Portuguesa será quarta-feira, às 15h, em Moça Bonita —, o clube se garantiu numa competição nacional após longos 36 anos. E, assim como na ficção, o roteiro conta com muita emoção, drama, história incrível e até mesmo um herói improvável.

Logo nos primeiros capítulos, os fiéis torcedores do Bonsucesso viram um enredo leve e alegre com a invencibilidade de 10 jogos — entre Copa Rio e Série B do Carioca —, igualando recorde do clube de 1927. Também houve uma reviravolta surpreendente. O técnico Luciano Quadros deixou o clube na liderança para comandar o Sampaio Corrêa, na zona de rebaixamento, mas voltou um mês depois para substituir Emanoel Sacramento, demitido com seis vitórias e um empate após discutir e balançar as partes íntimas em direção aos torcedores durante um jogo.

E, como não poderia deixar de acontecer num roteiro de novela, o drama para dar mais emoção trouxe um herói improvável. O zagueiro Emerson teve que ir para o gol após a expulsão do goleiro Caio no fim do jogo contra o Maricá e garantiu a classificação à semifinal da Copa Rio ao pegar nada menos do que três cobranças na decisão por pênaltis.

"Foi uma experiência única. Só uma vez, no rachão, eu havia agarrado aqui no Bonsucesso. Quando nosso goleiro foi expulso, falei para o treinador que iria para o gol, estava confiante. Não peguei a cobrança no tempo normal, mas peguei as três na disputa por pênaltis. Conversei com nosso preparador de goleiros e o treinador e eles me disseram para esperar, escolher um canto e pular. O mais engraçado é que acertei todos os cantos. Espero que não precise ir nunca mais para o gol", brincou Emerson.

Zagueiro Emerson defendeu três pênaltis na classificação do Bonsucesso - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

 

AMOR E SUPERAÇÃO

Também não poderia faltar um caso de amor e superação. Expulso nas quartas de final, Caio só pôde jogar a segunda partida contra o Boavista. E, depois de ver o zagueiro ser herói, o goleiro também teve o seu grande momento ao, de novo na decisão por pênaltis, pegar uma cobrança e ajudar a garantir a tão sonhada vaga na final em cima de um adversário muito mais forte no cenário carioca. Foi a chance de Caio retribuir uma relação especial com o Bonsucesso.

"Fico muito feliz porque tenho grande carinho pelo Bonsucesso. Fiz minha base no Flamengo, fiquei sete anos lá e, quando saí (2013), vi outra realidade.O Bonsucesso abriu as portas para mim. Essa é minha terceira passagem por aqui e colocá-lo no cenário nacional após 36 anos é muito gratificante. Fiquei feliz, chorei. Tem sido bem mágico, até porque, quando fui expulso nas quartas de final, pensei que estava tudo perdido", lembrou Caio.

Goleiro Caio está na terceira passagem pelo Bonsucesso - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

O jogador, inclusive, ganhou um fiel escudeiro como na história de heróis: o jovem Guilherme dos Santos, de 13 anos, que sonha ser goleiro. Tímido, ele não quer tirar foto, mas seguir os passos de Caio. Torcedor do Bonsucesso desde o início do ano, ele vai ao campo da Rua Teixeira de Castro assistir aos treinos de seu novo ídolo. E, no dia em que a reportagem esteve no local, ganhou de Caio uma luva de presente, que espera usar num teste que fará no clube.

"Acompanho o Bonsucesso desde o ano passado e virei torcedor. Vim a um treino e gostei do Caio. Ele é bom e bem humilde, sempre fala comigo. Espero um dia agarrar igual a ele, usando a luva dele", planeja o jovem Guilherme.

O final dessa história do Bonsucesso em 2019 ainda tem alguns capítulos pela frente para ser ainda mais feliz. "Foram fortes emoções. Tivemos que fazer a nossa novela aqui também, né? Com todo drama e final feliz", comemorou Caio.

"Nosso objetivo era fazer história no clube e estamos conseguindo. Não paramos por aqui. Queremos o título da Copa Rio e também colocar o clube na Série A", avisou Emerson.

COPA DO BRASIL COMO MELHOR OPÇÃO
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Com a vaga na final da Copa Rio, Bonsucesso e Portuguesa terão o direito de escolher entre a Copa do Brasil e a Série D do Brasileiro de 2020. Oficialmente, o campeão tem prioridade de optar pela competição nacional que irá disputar, mas os dois clubes negociam um acordo.
Para o Bonsucesso, ainda na Segunda Divisão do Carioca, a Copa do Brasil é a melhor opção. Afinal, saberá a cota que vai receber (em 2019 seria de R$ 529 mil, por exemplo) por participar da primeira fase. Além disso, pode se dar bem no sorteio e enfrentar um cabeça de chave mais fraco, o que daria mais chances de classificação numa partida única no Rio.
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A última competição nacional disputada pelo Bonsucesso foi a Taça de Prata de 1983: terminou em 42º lugar entre 48 participantes.
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