O Fluminense aplicou a segunda maior goleada: 23 a 0 no Rogi Mirim -  LAÍS PATRÍCIO/ FLUMINENSE
O Fluminense aplicou a segunda maior goleada: 23 a 0 no Rogi Mirim LAÍS PATRÍCIO/ FLUMINENSE
Por HUGO PERRUSO

Pela primeira vez na história, o Campeonato Carioca feminino conta com os quatro grandes, fruto da obrigatoriedade dos clubes de ter a categoria para que se dispute competições masculinas da CBF e da Conmebol. Uma chance única diante do crescimento das mulheres no futebol em 2019, que fez a Federação de Futebol do Rio (Ferj) apostar alto. Ao inchar a competição com número recorde de 29 participantes numa mesma série, a ideia era aumentar as oportunidades e a vitrine para as jogadoras, mas com efeito colateral grave: a disparidade técnica. Entre críticas e elogios, o equilíbrio entre quantidade e qualidade ainda está longe de ser encontrado.

Segundo a federação, são mais de 400 atletas inscritas, um número recorde no Carioca feminino. Em contrapartida, a gritante diferença de estrutura e organização contribuiu para 22 goleadas em 34 jogos nestas três rodadas da primeira fase. O maior exemplo foram os 56 a 0 aplicados pelo Flamengo, semifinalista do Brasileiro, sobre a equipe amadora do Greminho.

Não foi a única goleada inapelável. Presentes na Série A2 nacional, o Fluminense venceu por 23 a 0 (Rogi Mirim), o Vasco por 19 a 0 (Belavista) e o Botafogo por 12 a 0 (Liga de Arraial do Cabo). Os quatro grandes somam 182 gols em apenas 12 jogos.

"Não é desse jeito que se desenvolve o futebol feminino no estado. Não é pra fazer favor e de qualquer jeito. Vamos dar condições para que os times cresçam e que seja uma competição equilibrada", desabafou em rede social Andressa Alves, atacante da Seleção, pedindo séries A e B.

Mas nem tudo é criticado. Também há quem pense ser uma experiência válida para garantir mais oportunidades às atletas. "Tem que pensar que é o primeiro campeonato nesse modelo. Haverá erros e acertos. Talvez possa ter séries A e B ano que vem, mas o importante é que dá mais visibilidade. Há muitos projetos de futebol feminino e algumas estão tendo oportunidade de jogar. É uma chance de identificar novos talentos", afirmou a gerente de futebol feminino do Fluminense, Amanda Stock.

Ligas e times amadores, além de projetos sociais, puderam se inscrever no Carioca. Além de isenção de taxas e subsídios, os grandes são responsáveis pelo mando de campo nos jogos da primeira fase e emprestam médico e fisioterapeuta, além de ajudar na logística do visitante.

Apesar do esforço, nem todos têm condição de disputar igualmente o Carioca. Em 34 partidas, 14 equipes não tinham jogadoras suficientes no banco (em alguns casos, uma ou duas reservas, apenas). Ainda houve duas vitórias por WO: uma por não comparecimento e outra por falta de médico. Além disso, o início do campeonato precisou ser adiado para que algumas equipes tivessem mais tempo para se inscrever e, ainda assim, uma não conseguiu e ficou fora.

"As dificuldades e diferenças já eram esperadas. A primeira fase contempla somente cinco datas e pode servir de laboratório de observação e identificação de atletas, além de nos apontar o nível das equipes e qual caminho seguir no futuro. Com certeza, na segunda fase — classificam-se os dois melhores de cada grupo —, a qualidade e a competitividade serão mais positivas. A Copa do Brasil começa com mais de 80 participantes e apresenta, no início, desnível técnico. O nosso objetivo é gerar oportunidades, dar atividade àquelas que nem sabiam onde era a vitrine", defendeu o diretor de competições da Ferj, Marcelo Vianna.

 

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