Rio de Janeiro - 14/11/2019 - Caio Ribeiro, atleta da paracanoagem do Flamengo. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro - 14/11/2019 - Caio Ribeiro, atleta da paracanoagem do Flamengo. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agência O Dia
Por O Dia

Rio - A sensação de quando entrou pela primeira vez na canoa não é esquecida até hoje: Caio Ribeiro se sentiu livre, independente. Naquele momento, o carioca redescobria o esporte de uma nova maneira, na canoagem paralímpica, após ter sofrido um acidente de moto na Tijuca que lhe causou a amputação da perna esquerda, em 2011. O começo na modalidade não foi fácil, assim como encarar a sua nova realidade, mas

Caio passou a brilhar no esporte. Foi bicampeão mundial na canoa, em 2013 e 2015, bronze no caiaque na Paralimpíada do Rio, em 2016, e agora, treinando pelo Flamengo, ele sonha com o ouro em Tóquio-2020.
“Estou esperando mudar a cor da medalha. É bem provável que eu vá ganhar medalha. Na hora da prova tudo pode acontecer. Mas é lógico que estou treinando, visualizando e fazendo tudo pela medalha de ouro”, diz Caio, que neste anoconquistou a prata na categoria VL3 masculino 200m e o bronze na KL3 masculino 200m no Mundial da Hungria, em Szeged.

Sobrinho de João Luiz Ribeiro, primeiro brasileiro a representar o país na ginástica artística em uma edição da Olimpíada, em Moscou-1980, o canoísta morou um bom tempo nos Estados Unidos e sempre foi ligado a esportes. “Comecei aqui com capoeira e ginástica e depois lá com corrida, cross country como eles chamam lá, futebol, judô, BMX. Amava muito mesmo BMX, era de onde vinham os maiores troféus”, lembra.

De volta ao Brasil, ele sofreu o acidente de moto, em 2011, na Tijuca. “Eu dei mole, eu e a cidade. Estava chegando em casa já, na Heitor Beltrão, numa reta. Eu iria virar para entrar na rua, passei pelo mesmo local pelo qual passo todos os dias, só que nesse dia eu passei em cima da tampa de um bueiro e ela estava solta. E nessa que passei por cima eu perdi o controle da moto”, conta.

O começo, como ele lembra, não foi nada fácil: “É difícil até hoje. No início foi muito ruim mesmo porque não sabia nada de deficiência. Nem via muitas pessoas pela rua com deficiência. Era um mundo escondido. Quando fui introduzido a esse mundo, o primeiro dia foi horrível. No segundo dia no hospital, eu pensei: ‘É essa circunstância que foi dada a mim, só tenho uma opção, enfrentá-la e fazer o melhor possível para ver o que vai acontecer’. Naquele momento ninguém sabia enxergar que poderia ser uma vida feliz”.

Da dura rotina após o acidente para uma nova vida no esporte
Publicidade
A rotina logo após o acidente era dura para Caio: “Naquelaépoca era só casa, ABBR, casa”. Ao conhecer um projeto de canoagem paralímpica na Urca, ele se encantou: “Já gostava da água, do mar e de aventura”.
Caio sentiu a sensação de liberdade na canoagem e redescobriu uma nova vida: “Graças ao pensamento positivo sempre, ao poder da família e aos verdadeiros amigos, consegui colocar os quebra-cabeças de volta ao lugar certo e estou conseguindo representar o nosso país da melhor forma possível no esporte. Estou feliz, mas nunca vou esquecer”.
Publicidade
Caio conta que sua dedicação ao esporte, no início, era vista com desconfiança: “Acampava na praia para treinar. As pessoas achavam que era maluco. Foi bem interessante o início da minha carreira no esporte, foi sofrido”.
Hoje com o status de um paratleta reconhecido, com patrocínios e contratado pelo Flamengo, Caio diz que sua essência se mantém: “Por fora muito mudou. Por dentro não mudou. O que melhorou é que consegui ter alguns patrocínios devido às conquistas. Mas não fica mais fácil. Na verdade, quando você se destaca, tudo fica mais difícil porque você tem mais pressão, mais inveja, muita energia em cima de você. E você é simples, tranquilo. Mas estou blindado”.
Você pode gostar
Comentários