Rio - A sensação de quando entrou pela primeira vez na canoa não é esquecida até hoje: Caio Ribeiro se sentiu livre, independente. Naquele momento, o carioca redescobria o esporte de uma nova maneira, na canoagem paralímpica, após ter sofrido um acidente de moto na Tijuca que lhe causou a amputação da perna esquerda, em 2011. O começo na modalidade não foi fácil, assim como encarar a sua nova realidade, mas
Caio passou a brilhar no esporte. Foi bicampeão mundial na canoa, em 2013 e 2015, bronze no caiaque na Paralimpíada do Rio, em 2016, e agora, treinando pelo Flamengo, ele sonha com o ouro em Tóquio-2020.
“Estou esperando mudar a cor da medalha. É bem provável que eu vá ganhar medalha. Na hora da prova tudo pode acontecer. Mas é lógico que estou treinando, visualizando e fazendo tudo pela medalha de ouro”, diz Caio, que neste anoconquistou a prata na categoria VL3 masculino 200m e o bronze na KL3 masculino 200m no Mundial da Hungria, em Szeged.
Sobrinho de João Luiz Ribeiro, primeiro brasileiro a representar o país na ginástica artística em uma edição da Olimpíada, em Moscou-1980, o canoísta morou um bom tempo nos Estados Unidos e sempre foi ligado a esportes. “Comecei aqui com capoeira e ginástica e depois lá com corrida, cross country como eles chamam lá, futebol, judô, BMX. Amava muito mesmo BMX, era de onde vinham os maiores troféus”, lembra.
De volta ao Brasil, ele sofreu o acidente de moto, em 2011, na Tijuca. “Eu dei mole, eu e a cidade. Estava chegando em casa já, na Heitor Beltrão, numa reta. Eu iria virar para entrar na rua, passei pelo mesmo local pelo qual passo todos os dias, só que nesse dia eu passei em cima da tampa de um bueiro e ela estava solta. E nessa que passei por cima eu perdi o controle da moto”, conta.
O começo, como ele lembra, não foi nada fácil: “É difícil até hoje. No início foi muito ruim mesmo porque não sabia nada de deficiência. Nem via muitas pessoas pela rua com deficiência. Era um mundo escondido. Quando fui introduzido a esse mundo, o primeiro dia foi horrível. No segundo dia no hospital, eu pensei: ‘É essa circunstância que foi dada a mim, só tenho uma opção, enfrentá-la e fazer o melhor possível para ver o que vai acontecer’. Naquele momento ninguém sabia enxergar que poderia ser uma vida feliz”.