Marília, mãe de Arthur, uma das vítimas do incêndioLuciano Belford/Agência O Dia
Por Danillo Pedrosa e Venê Casagrande
Publicado 02/02/2020 08:00 | Atualizado 02/02/2020 14:25
Rio - O dia 8 de fevereiro de 2019 será inesquecível na história do esporte brasileiro. Mas de forma triste. Nesta data, uma ferida foi aberta no coração de dez famílias que permitiram aos seus meninos a busca pela realização do sonho de quase toda criança que chuta uma bola desde o nascimento: ser jogador de futebol. Vestindo o Manto Sagrado do Flamengo, o sonho parecia ainda mais fascinante, mas virou pesadelo, perdido nas chamas e na fumaça que tomaram conta dos dormitórios no Ninho do Urubu e resultaram na morte de dez atletas das categorias de base do Mais Querido.

Uma ferida que não irá cicatrizar jamais. Prestes a completar um ano da tragédia, no próximo sábado, a dor da perda assola os familiares de Arthur, Áthila, Bernardo, Christian, Gedson, Jorge, Pablo, Rykelmo, Samuel e Vitor. Uma dor que se mistura à saudade, à tristeza, ao luto e à revolta das famílias que ainda lutam por Justiça na apuração e na punição dos responsáveis pelo triste episódio.
Para entender melhor o sentimento de quem mais sofreu com a tragédia, O Dia conversou com familiares de cada uma das vítimas do incêndio.
 
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'O Fla não fez contato algum'
Marília, mãe de Arthur, uma das vítimas do incêndio.Luciano Belford/Agência O Dia
Depois de um ano, a ficha ainda não caiu
Áthila Paixão, uma das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, com os pais, Damião e DianaArquivo Pessoal
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Desejo é virar logo a página
Darlei Pisetta (de verde) em foto com a família, que chora o adeus de Bernardo (E)Arquivo Pessoal
'Parece que estamos esquecidos pelo Fla'
Cristiano, pai do goleiro Christian Esmério.Luciano Belford/Agência O Dia
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'Não consigo mais ver o Flamengo'
Alba e o filho Jorge Eduardo: revolta com o FlamengoArquivo Pessoal
Tristeza e revolta depois da tragédia
Gedson, a mulher Teresa e os filhos Geraldo (mais velho) e Gael: recordações de Gedinho em fotosArquivo Pessoal
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'Perdemos um pedaço de nós'
O sorriso de Sarah (D) é uma recordação na foto ao lado de Pablo Henrique e do maridoArquivo Pessoal
'Desvalorizaram o meu filho'
Rosane com o filho, Rykelmo: revolta com o pai do menino e com a diretoria do clube rubro-negro Arquivo Pessoal
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'Este ano foi muito terrível pra mim'
Cristina com o filho, Samuel, em uma das fotos antes da tragédia no Ninho do UrubuArquivo Pessoal
Em meio à dor, um sonho realizado
Dona Jô fez acordo com o Flamengo e comprou a casa que Vitor lhe prometeraArquivo Pessoal
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Por vias tortas e em meio à tristeza com a morte precoce, Vitor Isaías deu tudo que sonhava para a avó, Josete Adão, a Dona Jô, que assumiu o papel de mãe do atacante desde cedo. A promessa de tirá-la do aluguel foi cumprida, mas não compensa a saudade do amado neto.
"Foi um ano muito sofrido, à base de remédio, tratamento com psicólogo. Nunca vai passar, mas tenho ajuda da minha igreja e quero deixar meu filho descansar em paz. Era o sonho dele me tirar do aluguel, me dar a casa própria, e ele conseguiu", conta Dona Jô.
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A última lembrança do neto é um pedido — já atendido pela avó — feito no saguão do aeroporto, antes de ele embarcar para o Rio de Janeiro. "Ele olhou para trás e disse: 'vó, volta para a igreja!' e pediu para o meu marido cuidar bem de mim", lembra, emocionada.
Fla se pronuncia
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Até agora, cinco famílias chegaram a um acerto financeiro com os dirigentes rubro-negros, assim como o pai de Rykelmo, José Lopes Viana, embora a mãe dele, Rosana, ainda brigue na Justiça. O Flamengo se pronunciou oficialmente ontem, na FlaTV.
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"O clube sempre esteve aberto à negociação. Mas, depois de discutir internamente, estabeleceu um teto. Estamos dispostos, dentro deste teto, a discutir com as famílias", disse o presidente Rodolfo Landim, sem revelar o valor do referido teto e estabelecer prazo para resolver as pendências: "Não depende só do Flamengo, mas das famílias e do tempo delas".
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