Carlos Alberto, zagueiro do América, trocou as chuteitas pela tesoura num salão de Duque de Caxias - Luciano Belford
Carlos Alberto, zagueiro do América, trocou as chuteitas pela tesoura num salão de Duque de CaxiasLuciano Belford
Por LUCIANO PAIVA

Carrões, imóveis de luxo, relógios e roupas caras. Para muitos, a vida de jogador profissional de futebol é feita de dinheiro, glamour e status. Só que para quem rala pesado nos clubes de menor investimento a realidade é bem diferente: atraso de salários e condições ruins de trabalho. E esse cenário ficou pior após a suspensão das competições por causa da pandemia do novo coronavírus.

Se antes já era difícil, agora é questão de sobrevivência se virar sem a bola nos pés. O zagueiro Carlos Alberto, do América, tenta dar um bico na crise. Ele trocou as chuteiras pela tesoura e agora faz a cabeça da clientela na Barbearia Humildes, em Parada Angélica, em Duque de Caxias. Por ele, mesmo com o pico de contágio alto da doença no Rio, as atividades deveriam ser retomadas.

"Estamos entre a cruz e a espada: se ficarmos em casa, passamos fome, mas, se sairmos, corremos risco. Mesmo assim, eu sou a favor de voltar", disse o jogador, de 26 anos.

Revelado pelo Fluminense e com passagens em vários clubes pequenos do Rio, o lateral-esquerdo Amarildo, hoje no Timon, do Piauí, conta com a ajuda da mulher para segurar as pontas em casa: "Está dando para levar, ela é professora e a gente tem conseguido pagar nossas contas. Não temos as condições financeiras de atletas da elite. Por isso, temos que cuidar da saúde para o futebol voltar logo".

Emprego de motorista

Embora a situação seja um pouco menos caótica no Esporte Clube Águia Negra, do Mato Grosso, que disputa a Série D do Brasileiro e honrou as folhas de abril e maio, ficar de braços cruzados não era opção. O lateral-esquerdo Fabiano, de 34 anos, não titubeou quando surgiu a chance de se empregar como motorista de uma usina da cidade. "Tenho duas filhas. Já estou indo para o segundo mês empregado. É uma grana que tem me ajudado muito", contou Fabiano, que é de Nova Iguaçu.

 

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