Carol Solberg - Reprodução
Carol SolbergReprodução
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - Após gritar 'Fora, Bolsonaro!' depois do bronze no Circuito Nacional de vôlei de praia, a atleta Carol Solberg foi denunciada pelo STJD do voleibol. Em entrevista ao 'Estadão', Wagner Vieira Dantas, subprocurador do órgão, que foi responsável por denunciar a jogadora, afirmou que a mesma descumpriu uma regra ao se manifestar no campo de jogo. O advogado afirmou que tem pensamento político alinhado ao de Carol, mas que não pôde deixar deixar de denunciá-la.

"A denúncia se deu pelo fato do descumprimento de uma regra do campeonato. Ela (Carol Solberg) assinou o regulamento da competição, que diz que não poderia fazer qualquer tipo de manifestação na arena de jogo. Há uma cláusula escrita, muito clara, que fala sobre isso. O caso foi distribuído na procuradoria e eu fui sorteado para pedir a denúncia ou fazer o arquivamento dos autos. Não questiono o que ela falou, mas o momento, o lugar de fala dela, que atesta contra o regulamento. E como o artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê punição nesses casos, não restou outra alternativa que não fazer uma denúncia. A questão está estritamente vinculada à regra da competição", disse o subprocurador, que complementou:

"É um fato que eu estou inserido no mesmo espectro político ou no mesmo nível de crítica que uma atleta como a Carol tem. Eu comungo da mesma opinião política dela. Mas nós temos que saber separar as coisas. O outro fato é que eu sou um subprocurador geral de Justiça e eu tenho uma obrigação pera a instituição e a sociedade. Chegou a mim um caso, eu posso estar errado, mas na minha concepção, no meu juízo de valor pessoal, acho que ali tem um ato indisciplinar. O fato de eu simpatizar pela concepção política e filosófica da Carol não pode tirar a minha obrigação de fazer a denúncia. Se eu estiver fazendo isso eu vou estar repetir o bom e velho compadrio tradicional político de benefícios. Então, eu achei por bem cumprir minha obrigação", emendou.

No Facebook, Wagner tem uma foto de máscara com o dizer 'Fora, Bolsonaro', o mesmo dito por Carol após a partida. Também assinou o "manifesto dos advogados antifascistas pela democracia", que recolheu mais de 100 assinaturas. Carol foi incluída nos artigos 191, "deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição" e 258, por "assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código à atitude antidesportiva" do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A jogadora pode ser multada entre R$ 100 e R$ 100 mil ou receber uma advertência pelo artigo 191 e pegar até seis partidas de gancho por conta do artigo 258.