Testemunha no Senado dos Estados Unidos, Simone Biles se emociona ao listar os erros de investigação do FBI nos casos de assédio sexual na Federação Americana de Ginástica AFP
Publicado 15/09/2021 14:36
Washington - Em audiência no Comitê Judicial do Senado dos Estados Unidos, em Washington, a ginasta Simone Biles culpou nesta quarta-feira a Federação de Ginástica dos Estados Unidos (USA Gymnastics) e um "sistema inteiro" por terem "permitido" que Larry Nassar, que atuou como médico da seleção nacional durante 20 anos, abusasse sexualmente dela e de centenas de atletas.
"Culpo Larry Nassar e também todo o sistema que permitiu e cometeu esse abuso. A USA Gymnastics e o Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA sabiam que havia abusos por parte do médico oficial da seleção", afirmou a vencedora de quatro medalhas de ouro olímpicas, que também acusou o FBI de ter "dado as costas" aos atletas por ter respondido de maneira inadequada e lenta às primeiras acusações de abuso sexual contra Nassar, o que permitiu que o ex-médico continuasse cometendo abusos por meses
Biles disse que "um sistema inteiro permitiu e cometeu" esses abusos contra ela e centenas de jovens, que pela idade sequer sabiam que Nassar estava cometendo abusos. "Não quero que nenhum outro jovem atleta olímpico ou outro indivíduo sofra o horror que eu e outras centenas suportamos e continuam suportando até hoje", declarou a ginasta, visivelmente emocionada.
No início do depoimento, ela disse que não conseguia imaginar um lugar onde pudesse se sentir mais "incomodada" do que a sala do comitê do Senado onde estava. Junto a Biles estavam sentadas outras três
ginastas olímpicas que sofreram abusos de Nassar: McKayla Maroney, Maggie Nichols e Aly Raisman.
Este comitê do Senado busca esclarecer por que o FBI na cidade de Indianápolis, no estado de Indiana - onde está localizada a sede da USA Gymnastics - respondeu de maneira inadequada e lenta às primeiras acusações de abuso sexual contra Nassar.
Um relatório interno do Departamento de Justiça revelou em julho passado graves erros dentro do FBI que estagnaram a investigação durante mais de oito meses. Quando esse documento de 119 páginas foi divulgado, um grupo de senadores anunciou uma audiência para investigar a resposta do FBI e corrigir os erros institucionais
Nassar, que usou sua posição como médico para abusar de ao menos 330 jovens, incluindo menores de idade e também atletas olímpicas, cumpre uma condenação de entre 40 e 175 anos de prisão somada a outra de 60 anos por pornografia infantil. As penas foram determinadas entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018.
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