Por fabio.klotz

Rio - Para tentar acabar com os erros de arbitragem, a CBF resolveu utilizar uma tática inédita. Nada de afastar ou reciclar árbitros. Muito menos profissionalizar a classe. Desta vez, a entidade quer a tecnologia ao seu lado e vai pedir à Fifa que libere o uso de imagens de TV para auxiliar a arbitragem no Brasileirão do ano que vem.

Jogadores do Vasco cercam a arbitragem após o gol do Flamengo na Copa do Brasil: lance validado que abriu debate sobre impedimentoAlexandre Brum / Agência O Dia

“Sabemos que é impossível os seres humanos atingirem o índice de erro zero na arbitragem. Por isso, considerando a solicitação dos clubes, a CBF pleiteará junto à Fifa a aprovação do uso de imagens da TV para auxiliar os árbitros. Queremos que o Brasil tome a liderança no processo de introdução da tecnologia no futebol e que sirva de referência para outros campeonatos no mundo”, explicou Marco Polo del Nero, presidente da CBF.

Quatro vezes eleito o melhor do Brasil, o ex-árbitro Leonardo Gaciba, no entanto, não acredita que a Fifa libere os testes. “Acho muito difícil, quase impossível, que a Fifa admita essa intervenção. É uma filosofia da entidade. Seria uma resolução inédita”, afirmou o comentarista de arbitragem da TV Globo.

Ele disse ter sérias dúvidas de como isso seria implementado na prática: “Sempre me perguntam se sou a favor da tecnologia. Mas eu pergunto como isso vai ser utilizado? A CBF diz que não vai parar com a bola em jogo. E, se a bola bater na mão dentro de uma área, o outro time sair em contra-ataque e marcar o gol. Como faz? Anula o gol e marca pênalti para o outro time? Será que o futebol vai aceitar isso? É tudo muito genérico. Só vai mudar o foco do problema”, criticou.

Pela ideia de Del Nero, seria criado o árbitro de vídeo para, fora das quatro linhas, analisar os lances e avisar ao que está em campo. “Se hoje discutimos os critérios em campo, agora vamos discutir os critérios do árbitro de vídeo. Se ele vai interferir para X ou para Y”, ressaltou Gaciba.

Manoel Serapião Filho, membro da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), foi designado como responsável pelo projeto e, no dia 14 de outubro, participará do Painel Técnico Consultivo da International Board.

“O árbitro de vídeo atuará com base em imagem televisiva simultânea e com possibilidade de imediato replay. A comunicação com os árbitros será feita por ponto eletrônico”, disse Serapião.

Jogadas que seriam alvo do 'big brother'

* Dúvida se a bola ultrapassou ou não a linha de gol.
* Saídas da bola pela linha de fundo, quando, na mesma jogada ou contexto, for marcado gol ou pênalti.
* Definição do local de tiros livres diretos, ocorridos nos limites da grande área, para saber se houve ou não pênalti na jogada.
* Gols e pênaltis marcados, possibilitados e evitados em razão de erro em lances de faltas claras/indiscutíveis, não vistas ou marcadas de modo claramente equivocado.
* Impedimentos por interferência no jogo, caso na mesma jogada haja gol ou pênalti.
* Jogo brusco grave ou agressão física (conduta violenta) indiscutíveis não vistos ou mal decididos pela arbitragem da partida.

Você pode gostar