Por rafael.arantes

Rio - De um lado, o campeão da Libertadores e Mundial. Do outro, uma equipe cujo técnico resolveu fazer mudanças drásticas na partida decisiva, sacando cinco titulares. Se havia um favorito para a decisão do Carioca de 1982 era o Flamengo, mas o Vasco acabou campeão, justamente com um gol marcado por um dos jogadores barrados pelo técnico Antônio Lopes: Marquinho Carioca.

Vasco levou a melhor sobre o Flamengo em 1982Arquivo

“Foi o gol mais importante que eu fiz, porque vencemos um campeonato em que o Flamengo era o grande favorito, com grandes ídolos, campeão do mundo. O Vasco tinha uma equipe inferior, mas era muito unido”, afirmou o herói vascaíno.

Antes de entrar para a história do clássico, Marquinho viveu o outro lado da moeda. De titular a reserva, foi pego de surpresa ao saber da decisão de Antônio Lopes. Na época, o técnico alegou falta de empenho do time, que chegou ao triangular final por ter feito mais pontos nos dois turnos, enquanto América e Flamengo foram campeões.

“Pensei que o cara era maluco. Como éramos muito unidos e o Lopes era respeitado, acatamos a decisão, mas com desconfiança. Ficou aquele suspense”, recordou.

Menos cotado dos três, o Vasco venceu o América por 1 a 0 e, após empate em 0 a 0 com o Flamengo no primeiro tempo, Lopes tirou Dudu para Marquinho entrar. Na primeira bola que pegou, o meia fez a alegria vascaína após escanteio cobrado por Pedrinho. O Cruzmaltino segurou o resultado e voltou a conquistar o Carioca, confirmando que a aposta do treinador deu resultado.

“Eu raspei de cabeça o suficiente para tirar do Raúl e fazer o gol. Antes do jogo achei que Lopes era maluco. Depois, que era um gênio (risos). Ele acreditou no conhecimento dele, seguiu a intuição e deu certo. Dou os parabéns a ele. Futebol é resultado”, completou Marquinho.

Rondinelli não participou do título mundial de 1981, mas se considera uma peça da conquista, mesmo que indiretamente. Três anos antes, a geração vitoriosa do Flamengo entrava sob pressão na final do Carioca de 1978 contra o Vasco. As duas derrotas para o rival nas decisões de 1976 e de 1977, ambas nos pênaltis, incomodavam e os rubro-negros sabiam que novo revés obrigaria uma mudança no elenco. Graças ao ‘Deus da Raça’, com um gol aos 41 minutos do segundo tempo, o que poderia ser o adeus virou o começo de uma sequência de títulos importantes.

Rondinelli brilhou em conquista do Flamengo sobre o rivalReprodução

“Vínhamos da perda de dois campeonatos para o Vasco nos pênaltis. A pressão era grande, já que nova derrota poderia dizimar aquela geração. Aquele gol foi o início de uma sequência de conquistas históricas , com o tri carioca, o Brasileiro, a Libertadores e o Mundial. Foi a confirmação da geração”, afirmou.

Logo após a derrota em 1977 (pênalti perdido por Tita), jogadores, comissão técnica e funcionários fizeram um pacto de união ainda no vestiário, visando a conquista em 1978, confirmada com a vitória por 1 a 0 sobre o Vasco na última rodada do segundo turno (o Fla já havia sido campeão do primeiro). Mas a agonia durou até o fim.

Apesar da pressão, o gol não saía e os jovens jogadores sentiam a ansiedade e o nervosismo em campo, até o escanteio cobrado por Zico na cabeça de Rondinelli. “O tempo passava e pensávamos: ‘Se não for dessa vez, o grupo vai se desfazer’. O Márcio Braga tinha avisado que não conseguiria segurar o elenco com nova derrota. Sabíamos disso e bombardeamos o Vasco. Só que o time deles era mais experiente e ficamos ansiosos até aquele escanteio”, recorda Rondinelli, que guarda com carinho o lance que o tornou ídolo da torcida: “Tive a felicidade de acertar aquela cabeçada. Foi meu maior êxtase na vida.”

Você pode gostar