Tudo isso é comum, num cenário natural do futebol brasileiro. A questão, porém, é que ambos disputam o título com um adversário muito fora da curva: o Flamengo.
O que faz o Rubro-Negro nesse Campeonato Brasileiro não é apenas raro, é inédito.
Nunca um time chegou no fim da 27ª rodada com 64 pontos. O recorde até então pertencia ao São Paulo, em 2007, com 60. Na ocasião, o Tricolor se sagrou campeão com quatro rodadas de antecedência, um outro feito jamais superado. Até agora, pelo menos.
O Flamengo não caminha a passos largos para o título simplesmente porque os seus concorrentes fazem uma campanha abaixo do esperado, não é isso. Aliás, muito pelo contrário.
No ano passado, quando conquistou o título, o Palmeiras liderava a competição com 53 pontos conquistados em 27 jogos. Atualmente, com um ponto a mais, está dez atrás do 1º colocado.
O Santos, neste mesmo estágio do campeonato, em 2018, tinha apenas 36. Agora tem 51.
Tanto o Alviverde quanto o Alvinegro Praiano estão em seus limites. Talvez já até o tenham ultrapassado. O Fla, não. A diferença de dois dígitos chegou e não dá sinais de que será reduzida tão cedo.
O nível na parte de cima subiu. A questão é que o do Flamengo decolou, e supera não só os próprios recordes como também os dos outros. É o time de melhor ataque no ano (111 gols), o de maior eficiência ofensiva no Brasileiro (1 gol a cada 6,6 chutes), maior número de desarmes certos (480), maior verticalidade (215 passes para marcar 1 gol), mais tentativas de cruzamentos (696), mais gols de cabeça (13), mais gols dentro da área (54), mais gols através de assistências (44)... Ou seja: é o melhor em praticamente tudo.
A forma como se impõe nos jogos, no campeonato, em campo, mais do que na tabela, é o que faz o grito de campeão parecer ser apenas uma questão de tempo. Hoje, no Brasileirão, ninguém faz mais por merecer do que o Flamengo. Nem perto.
E a tendência é a distância aumentar.
* Com números do Footstats