Publicado 28/10/2021 15:00
O clima no Flamengo após a eliminação na Copa do Brasil para o Athletico, ao perder por 3 a 0 no Maracanã, é péssimo. Mas os bastidores do Ninho do Urubu já não são dos melhores há algum tempo, com direito a Renato Gaúcho insatisfeito com as condições físicas do elenco e exigindo melhorias do Departamento Médico, pessoas incomodadas com a metodologia de trabalho do treinador e até algazarra em excesso durante os voos da delegação.
Desde que chegou ao Flamengo, Renato Gaúcho tem deixado clara a insatisfação com a parte física dos atletas. O incômodo culminou em uma reunião a portas fechadas no Ninho do Urubu do técnico com membros da comissão técnica permanente, que aconteceu na véspera da viagem da delegação para os jogos contra Bragantino e Fortaleza, que foram fora de casa. Segundo uma fonte da reportagem, o comandante exigiu evolução, empenho dos colaboradores nesta reta final da temporada e também aproveitou para fazer questionamentos.
Grande parte dos colaboradores não gostou da forma como o comandante falou nesta reunião, em tom de ameaça, e desabafaram nos corredores do CT, comentando que não gostaram da postura do técnico durante a conversa. Renato pediu explicações para entender a situação física de alguns atletas e deixou claro que não está satisfeito.
Na entrevista coletiva após a derrota para o Furacão, Renato Gaúcho não escondeu a irritação com o Departamento Médico e chegou a dizer que jogadores lesionados não retornam aos gramados no melhor estado físico:
"Vou falar do desgaste físico. Tivemos muitos problemas com jogadores no departamento médico. Jogadores que saem do departamento médico e não voltam 100%. As pessoas vão falar que estou dando desculpas. Não é desculpa."
Entre os atletas, o descontentamento com a preparação física não é unanimidade. Acreditam que os problemas são fruto de várias tomadas de decisões e não apenas de Alexandre Sanz, chefe da preparação física, e seus comandados, Rafael Winicki e Roberto Oliveira, o Betinho. Desde decisões equivocadas do Departamento Médico a metodologias de treinamento do técnico Renato Gaúcho.
Na ocasião, Márcio Tannure, chefe do Departamento Médico, não viajou para Atibaia e Fortaleza, o que causou incômodo e questionamentos entre membros da comissão técnica permanente. Alguns que estavam na viagem acreditam que faltou bom senso do profissional naquele momento de crise e questionamentos no departamento que ele é responsável.
Por outro lado, muitos não concordam com o estilo de trabalho de Renato Gaúcho. Segundo relatos, o treinador demonstra pouco conhecimento tático e dificilmente apresenta novidades na metodologia. Há também depoimento de pessoas que convivem com o técnico no Ninho de que Alexandre Mendes, auxiliar dele, é quem comanda a maioria das atividades.
"Se tem 16 atletas disponíveis, ele joga oito para cada lado e puxa um treino em campo reduzido. Se é número ímpar, ele bota um atleta como 'coringa' e dá a mesma coisa, treino reduzido, uma espécie de coletivo. É sempre assim. O treino é o mesmo. Às vezes, em véspera de jogo, ele treina jogada ensaiada e pronto", resumiu uma fonte.
O incômodo com a falta de comando vai além dos muros do Ninho do Urubu. O comportamento de alguns funcionários durante as viagens chamam atenção. Há relatos de que nos voos, sobretudo após as vitórias, alguns "se juntam no fundão" para comemorar, com direito a bebida alcoólica e muito batuque com instrumentos de som. Alguns atletas, que tentam priorizar o descanso nas viagens, chegam a reclamar e pedem "silêncio" para poder dormir.
Um caso escancarado e que virou pauta no Ninho do Urubu foi no retorno da delegação de Guayaquil, após o Flamengo confirmar a classificação à final da Libertadores ao bater o Barcelona-EQU. Segundo relatos de pessoas que estavam no voo, alguns colaboradores "passaram dos limites" na comemoração e acabaram atrasando alguns processos burocráticos no desembarque, o que gerou irritação do presidente Rodolfo Landim e de vice-presidentes presentes na delegação.
A aparente falta de comando do Departamento de Futebol já gera inquietação na Gávea. Um membro da cúpula que não faz parte do dia a dia do Ninho do Urubu, em contato com a reportagem, comentou o momento do time na temporada:
"Não tem comando. Não tem nenhum plano que não seja comprar jogador. O excesso de dinheiro escondeu todas as deficiências do Departamento, mas foram tantas barbaridades cometidas sem nenhuma supervisão que o dinheiro passou a não ser suficiente", disse um dirigente, que pediu para não ser identificado.
Diante desse cenário, o Flamengo precisa juntar os cacos para continuar sonhando com o título do Campeonato Brasileiro e se preparar para a final da Libertadores, marcada para o dia 27 de novembro, em Montevidéu.
"No dia 27 temos a decisão da Libertadores. Somente Flamengo e Palmeiras estão lá. A gente vai brigando no Brasileirão e ajustando para a decisão da Libertadores", disse Renato Gaúcho durante coletiva de imprensa.
A próxima decisão do Flamengo é no sábado diante do Atlético-MG, no Maracanã, às 19h, pela 29ª rodada do Brasileirão. Caso seja derrotado para o time o mineiro, o Rubro-Negro verá as chances de conquistar o título, que já são pequenas, caírem ainda mais.
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