Por pedro.logato

Rio - Quando Ghiggia venceu Barbosa, aos 34 minutos do segundo tempo, e marcou o gol da virada do Uruguai sobre o Brasil (2 a 1), na final da Copa de 1950, uma tragédia marcou o país do futebol e levou às lágrimas os 200 mil torcedores presentes ao Maracanã. Mas em meio a tanta tristeza e frustração, nascia uma encantadora história de amor. Na arquibancada do Maior do Mundo, Gabriel Borba da Silva e Marylia Ferreira trocaram os primeiros olhares apaixonados, que levaram a um casamento que já chega a 61 anos.

Esbanjando simpatia aos 88 anos, seu Gabriel — na época com 25 — conta que naquele 16 de julho não havia espaço no estádio, e que só conseguiu bom lugar porque chegou com três horas de antecedência, acompanhado por amigos que jogavam futebol na Praça Sans Peña. Mas, quando avistou Marylia e suas duas irmãs, pediu que os colegas se apertassem para que as meninas ficassem próximo. Quis o destino que a moça, de rosto redondo, se sentasse ao seu lado. “Estamos apertados e você chama logo a mais gordinha para sentar aqui”, reclamou o irmão mais velho de Gabriel.

Casamento já dura 61 anosMárcio Mercante / Agência O Dia

A bola rolou e o jovem passou a dividir a atenção entre os avanços de Friaça e Ademir Menezes e os cortejos à moça. “Ele me ofereceu água, pegou o binóculo de um dos colegas e me fez dar boas risadas”, conta dona Marylia, de 82 anos — na época com 18 —, que fora ao estádio pela primeira vez naquela tarde.

Logo após a enorme decepção do apito final, num Maracanã totalmente silencioso, Gabriel arriscou um último lance: “Eu tinha uma festa bacana para ir, mas não vou mais. Posso encontrar com você mais tarde?”. Mesmo desnorteada com a derrota da seleção brasileira, Marylia respondeu: “Podemos sim”.

Naquele mesmo dia, eles se reencontraram e deram início à história de amor que escrevem até hoje. “O Brasil perdeu, mas nós dois ganhamos. Formamos uma família linda”, diz dona Marylia.

Dois anos depois do Maracanazo, eles se casaram e se mudaram para o bairro do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio, onde moram até hoje. Tiveram dois filhos, quatro netos e uma bisneta. Bem-humorado, seu Gabriel dá um conselho aos solteiros: “Na Copa do Mundo, não perca tempo e vá ao Maracanã. Eu garanto que dá sorte.” brincou Gabriel.

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