Por bernardo.argento

Rio - Nove pontos em três jogos, com direito a goleada por 5 a 1 na campeã mundial Espanha, e classificação confortável às oitavas de final como líder do Grupo B. Foram dez gols marcados na fase de grupos, o que faz da Holanda o ataque mais positivo da Copa do Mundo no Brasil, com dois jogadores entre os vice-artilheiros do torneio, Robben e Van Persie, três tentos cada. Mesmo assim, a seleção europeia chega à próxima fase do Mundial com um rótulo que incomoda o técnico Louis Van Gaal: o de time retranqueiro.

Apontar um excesso de zelo na seleção holandesa, de certa forma, não é tão absurdo quanto os números nesta Copa sugerem. O sistema utilizado por Van Gaal cria uma defesa forte justamente para que sua grande arma, o poderio ofensivo, apareça.

Van Gaal chega a utilizar cinco jogadores na linha defensiva quando não tem a bola, como se viu na vitória por 2 a 0 sobre o Chile - na ocasião, o atacante Dirk Kuyt atuou como lateral-esquerdo, ao lado de três zagueiros e outro ala-direito. Os outros três homens do meio de campo diminuem espaços e a aposta passa a ser o contra-ataque, acionando a velocidade de Robben e a precisão de Van Persie, ou Lens, o centroavante escalado contra os chilenos.

"Assim, Robben não vai precisar correr (ajudando a defesa), o Lens também, o Van Persie. Isso é futebol. Você precisa desenvolver uma estratégia para ganhar. Estamos sempre criando chances de marcar, e isso é ótimo para o técnico perceber que os resultados estão aparecendo", explicou Van Gaal, irritado ao ser questionado por jornalistas holandeses sobre a linha com cinco defensores.

Holanda teve a melhor média de gols na primeira fase da Copa do MundoReuters

Embora seja a seleção com mais gols marcados na Copa, a Holanda não tem o ataque mais agressivo da competição. Mostra, porém, uma eficiência altíssima: 41 finalizações tentadas, 33 delas no gol. A França, líder no quesito, arriscou 62 chutes (39 certos) e foi à rede sete vezes.

As estatísticas da Copa comprovam esse ataque peculiar da Holanda, que troca poucos passes mas chega com muito perigo. Robben é o jogador que mais fez jogadas individuais que o levaram até a área adversária: oito vezes. Os dez gols da seleção neste Mundial surgiram com bola rolando, sem a ajuda de cobranças de escanteio, falta ou pênalti. Nas eliminatórias europeias, por exemplo, os holandeses fizeram 34 gols em dez partidas, e sofreram apenas cinco.

"Levamos três gols em três jogos. Não acho que isso é ser defensivo, mas mostra que a defesa está segura", justificou Kuyt.

Os adversários ressaltam a dificuldade em furar a marcação como qualidade da Holanda, mas nos números a seleção europeia não lidera nenhum quesito defensivo.

Com ou sem retranca, o sistema de Van Gaal temn uma nova prova de fogo: conduzir a Holanda até a decisão. O primeiro desafio da atual vice-campeã mundial na fase final da Copa será neste domingo, contra o México, em Fortaleza.

Reportagem: Thiago Rocha

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