Rio - A presença de quatro seleções latino-americanas nas quartas de final desta Copa pode dar a impressão de que o futebol praticado por essas bandas melhorou. Nada disso, apenas produzimos bons jogadores, que, desde muito cedo - e cada vez mais cedo - ajudam a tornar mais interessante o futebol europeu.

Até a Costa Rica, que desta vez estreou no grupo das oito melhores da competição, tem muitos dos seus titulares atuando do outro lado do Atlântico. É só compararmos a Liga dos Campeões da Europa com a Libertadores para constatarmos o abismo entre os dois continentes.
Levantamento publicado no ano passado pela consultoria internacional Deloitte mostrou que apenas três clubes brasileiros estavam na relação dos 50 que mais faturaram em 2012. O Real Madrid, o primeiro da lista, embolsara 5,4 vezes mais que o mais rico dos brasileiros, o Corinthians, o equivalente a R$ 1,541 bilhão contra R$ 283 milhões. A posição dos clubes brasileiros é incompatível com a nossa economia, a sétima do mundo, e com nosso mercado publicitário, grande fonte de receitas do esporte.
Claro que há outros fatores que devem ser considerados, mas é absurdo que o futebol pentacampeão mundial viva numa situação tão precária, em que times da Primeira Divisão nem sequer conseguem pagar em dia o salário dos atletas. E isso não é por incompetência, muito pelo contrário: a estrutura adotada por aqui costuma ser ruim para os clubes e muito boa para dirigentes e outros envolvidos nos negócios do futebol. Esse povo sabe muito bem o que faz.
O governo deveria condicionar a concessão de algumas benesses aos clubes (como abatimento em dívidas) a mudanças em suas estruturas. O que não dá é para achar normal que o Campeonato Brasileiro seja disputado por uma penca de bons veteranos, algumas jovens revelações e um bando de esforçados. Vai ser duro, semana que vem, trocar os craques internacionais por nossos jogadores. Se eu fosse estádio ou bola, faria greve contra essa invasão bárbara.