Rússia - Um dia de celebração na principal competição de futebol do planeta. Craque de rara classe e muito talento, Petkovic faz uma reverência ao jogo entre Brasil e Sérvia, em Moscou, e decreta: o duelo transcende a simples luta pela classificação às oitavas de final da Copa do Mundo. Para o ex-jogador sérvio, será um encontro especial e inesquecível, no qual, admite, vai torcer pelas duas seleções, sem se importar com quem irá vencê-lo embora veja a equipe do técnico Tite favorita não só à vitória, no Estádio Spartak, mas ao hexacampeonato na Rússia.
"Vou torcer para o Brasil e para a Sérvia. Torcendo pelo Brasil sei que vou me emocionar muito mais, vou ter mais alegrias. Isso é uma realidade. Mas vou torcer pela Sérvia também. Será um duelo histórico, o primeiro entre as duas seleções em uma Copa. Quem sabe se haverá um jogão assim em outro Mundial?", indaga Petkovic, ídolo das torcidas de Vitória, Flamengo, Vasco, Fluminense, Goiás, Santos e Atlético-MG, e que tem um carinho especial pelo Brasil, país no qual fez história entre 1997 e 2011 e escolheu viver após pendurar as chuteiras.
Emoção à parte, Petkovic deixa o coração de lado e, friamente, usa a razão para avaliar a realidade das duas equipes no jogo de hoje. "Será um encontro decisivo e mais complicado para a Sérvia, pois o Brasil é o favorito. A Sérvia terá que defender muito, buscar a bola no ataque, ter sorte, esperar que o Brasil não esteja no seu dia e lutar, com garra e muito esforço físico", frisa Petkovic, que, apesar das dificuldades, mantém um fio de esperança de ver a seleção de sua terra natal nas oitavas de final.
"Tem aquela coisa de que a esperança é a última que morre. Eu confio que a Suíça possa perder para a Costa Rica e facilitar a tarefa da Sérvia, que, assim, pode se classificar com um empate com o Brasil. Nunca se sabe, futebol é difícil. São poucas chances, mas vamos ver o que acontece", avalia o ex-jogador, que defendeu a Iugoslávia, depois Sérvia e Montenegro, e por último a Sérvia. Ele, porém, não arrisca um placar para o jogo em Moscou. "Não gosto de dar palpite. O placar muitas vezes não diz nada do que foi o jogo", frisa.
SEM MEDO DA ALEMANHA
Petkovic, porém, se permite sonhar com a presença da Sérvia na próxima fase. Bem humorado, ele até brinca sobre um possível confronto com a temida e atual campeã Alemanha. "É uma equipe poderosa, mas já vencemos os alemães na Copa do Mundo de 2010. É verdade que eles tiveram um jogador expulso (Klose), mas podemos repetir a história", diz, referindo-se ao triunfo por 1 a 0 (gol de Jovanovic) no duelo pelo Grupo D do Mundial da África do Sul, em Porto Elisabeth.
"Antes, porém, temos que fazer um gol a mais que o Brasil, esse é o único objetivo no momento", frisa Petkovic, que enaltece o poder de superação de seus compatriotas nas horas mais difíceis. "A união é um ponto forte desse grupo compacto, que tem mentalidade positiva e é muito guerreiro", define o ídolo sérvio, que enche a bola de alguns jogadores capazes de decidir a partida.
"O Brasil tem Philippe Coutinho em grande forma e a genialidade de Neymar, que ainda não está cem por cento fisicamente, mas vai ganhar moral após o gol feito no fim do jogo contra a Costa Rica. A Sérvia conta com alguns jogadores expressivos, como Matic, Mitrovic, o artilheiro Kolarov e o zagueiro Milenkovic. Mesmo sem serem muito técnicos, tenho certeza de que eles vão dar a vida pela classificação", frisa Petkovic, com o coração e a mente divididos entre a emoção e a razão. "O que importa é que será um jogo inesquecível", enfatiza.
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