Copa do Mundo de 2018 foi na RússiaAFP PHOTO / Kirill KUDRYAVTSEV
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Rússia - A Copa de 2018 na Rússia deixa uma imagem positiva do país-sede para o resto do Mundo, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo. Além das expectativas pelo que seria visto dentro de campo, o torneio também começou rodeado de receio em função das ameaças de terrorismo e da possibilidade de uma suposta hostilidade local contra estrangeiros.

Mas o torneio superou essas desconfianças. "Dada a demonização internacional do presidente Vladimir Putin, encontrar um povo hospitaleiro e alegre nas ruas, congraçando-se com pessoas de todo o mundo foi uma surpresa agradável para a grande maioria", analisou a pesquisadora Lenina Pomeranz, doutora da Faculdade de Economiza, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).

Autora do livro recém-publicado Do Socialismo Soviético ao Capitalismo Russo, ela afirma que o governo russo conseguiu, com o Mundial, passar uma imagem de um país mais aberto. "Putin conseguiu passar ao mundo a imagem de uma Rússia moderna e organizada e ao mesmo tempo zelosa com suas heranças históricas, como se pôde ver nas imagens de seus templos e edifícios seculares, transmitidas dos locais dos jogos".

"Todos os países, em geral, que procuram sediar as Copas não o fazem unicamente por interesses esportivos", afirmou o pesquisador Ângelo Segrillo, também da USP, autor dos livros Os Russos e Karl Marx: uma biografia dialética. "Há interesses de projeção de imagem e poder e ainda interesses econômicos em atrair turistas no longo prazo. A Copa realizada de forma tranquila trará uma melhoria da imagem do país pelo mundo. Isso é importante, pois a imagem poderia ter piorado, caso houvesse episódios negativos como atentados terroristas, brigas entre torcidas, enfrentamentos entre a polícia russa e torcedores estrangeiros, por exemplo".

VLADIMIR PUTIN 

O fortalecimento da imagem do país para o resto do mundo, contudo, não se traduz necessariamente em mais popularidade para Vladimir Putin dentro de seus domínios, na avaliação dos especialistas. "Não acredito que a popularidade de Putin tenha se fortalecido", opinou Lenina Pomeranz. "Ele é um líder muito popular em seu país, popularidade essa que está agora sendo, de alguma forma, abalada, com a proposição de alterar as idades mínimas da previdência, mesmo gradativamente, até 2029".

Para Ângelo Segrillo, um ainda melhor desempenho do time nacional causaria impacto mais durável a favor do presidente. Os russos fizeram a sua melhor campanha e sobreviveram até as quartas de final, eliminados pela vice-campeã Croácia.

"Houve uma leve melhoria de imagem, mas menor que a do país em geral. A popularidade de Putin em si pode ter tido um leve empurrão, mas não acredito que seja algo muito significativo e durável", afirmou o pesquisador. "Ele teria tido um empurrão forte caso o time da Rússia, inicialmente desacreditado até pelos próprios russos tivesse chegado à ou ganhado a final. Aí sim talvez Putin pudesse ter sido visto como grande vidente de uma Copa que não só angaria simpatias ao país, mas até consegue um feito esportivo inédito".

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