Por edsel.britto
Rio - Rodrigo Caetano encontrou no Flamengo o terreno ideal para semear o profissionalismo. Alinhado com a política de austeridade da diretoria, o diretor-executivo de futebol afirma que não cederá a pressões por reforços. Mas promete ir além de nomes como Thallyson e Arthur Maia.

Há 12 dias no cargo, ele já enxerga um futuro próximo de sucesso para o Rubro-Negro, fruto da opção por pagar dívidas e arrumar a casa antes de voltar a fazer grandes investimentos. O principal reforço do time até agora discute a supervalorização de sua função e revela como conheceu o lado humano de Vanderlei Luxemburgo antes do profissional, no episódio do AVC de Ricardo Gomes.

Rodrigo Caetano promete que o Flamengo brigará por todos os títulos em 2015Bruno de Lima

Confira a entrevista:

O DIA: Já definiu os reforços para 2015?
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Rodrigo Caetano: Temos a chegada do Arthur Maia e do Thallyson. A ideia é buscar as peças que estamos negociando, mas para não termos problemas, só falaremos de nomes quando estiver concretizado. Sei que a ansiedade é grande, mas temos que ter responsabilidade.
O DIA: A política será a do bom, bonito e barato?
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Rodrigo Caetano: Não vamos ficar só com esses. Você programar o ano sabendo que cumprirá os compromissos em dia dá condições de cobrar comprometimento, resultados e aumenta a probabilidade de sucesso. Não onerar não quer dizer não ter qualidade. Tem que buscar bem. Loucura o Flamengo não vai fazer.
O DIA: É possível alguma novidade ainda este ano?
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Rodrigo Caetano: É a nossa intenção. Há coisas adiantadas, outras nem tanto. </MC>Tinham coisas em andamento do Felipe (Ximenes) que estamos tocando. São nomes aprovados pelo Vanderlei.
O DIA: É fácil administrar pressão por contratações?
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Rodrigo Caetano: Fácil não é, né? Mas nós temos diretrizes que nos foram passadas de forma muito clara. Estamos buscando soluções. Contratar pelo simples fato de contratar, por conta de uma pressão externa, não faz parte da cartilha do bom profissional.
O DIA: Concorda com o presidente Eduardo Bandeira de Mello que o chamou de reforço de peso? Afinal, você não faz mais gol...
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Rodrigo Caetano: Não quero carregar esse estigma. O presidente, quando define como contratação, é para a equipe fora do campo. Acredito que através de uma boa gestão você viabiliza os resultados. Pode demorar um pouco, mas vejo hoje, pelo pouco tempo que tenho no Flamengo, o caminho para esse crescimento sustentável, não esporádico. Isso os clubes concorrentes já observam. Imaginam que o Flamengo está passando por esse momento de contenção, se preparando para o futuro. O Flamengo, amanhã ou depois, vai poder fazer investimento maior.
O DIA: Acha que o diretor pode determinar título ou fracasso de um clube?
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Rodrigo Caetano: Tem parcela no bônus e no ônus. Agora acredito que a parcela não seja tão representativa como dizem. Tem sua relevância, óbvio. Dependendo dos movimentos que você executa, traz problemas ou soluções. Mas tem outros tantos fatores que determinam o sucesso em campo.
O DIA: Quais as metas esportivas para 2015?
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Rodrigo Caetano: O Flamengo vai entrar em todas as competições para ganhar. Mas, como está se preparando, tem que disputar na parte de cima da tabela. O maior objetivo é em 2016 disputar a Libertadores. Tem que estar na elite sul-americana. Disputou no ano passado, e a presença de forma rotineira vai aproximar do título.
O DIA: No Fluminense, o Vanderlei chegou para apagar incêndio. Deu para testar a parceria?
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Rodrigo Caetano: Tive sempre a melhor relação e impressão do trabalho e da figura do Vanderlei. Em quatro meses, ele deu uma alavancada no time. Tivemos muitas lesões, mas, no meu diagnóstico, fez belo trabalho. Tenho certeza de que se ele continuasse, o resultado final seria bom. Dizem que ele é centralizador. Ao contrário, divide muito. Ouve, dá opinião, faz parte do planejamento. Nos falamos todos os dias, temos várias reuniões. Ninguém tem a história dele por acaso. Tê-lo à frente da comissão técnica, pelo técnico que é e por conhecer o clube, é um grande reforço. Espero contribuir.
O DIA: Vocês já se conheciam antes do Fluminense?<QA0>
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Rodrigo Caetano: Nos conhecíamos de eventos. Como adversários, lembro do caso de quando o Ricardo Gomes teve AVC. Fora do contexto do Vasco, o Vanderlei foi o primeiro a chegar ao hospital. A preocupação dele pós-jogo era como o Ricardo estava.
O DIA: Como está o planejamento para 2015?
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Rodrigo Caetano: Identificamos as carências, mas tratamos isso internamente. Vamos trabalhar com cerca de 28 jogadores, sendo três ou quatro goleiros.
O DIA: Qual a importância de um diretor-executivo ?
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Rodrigo Caetano: Muita gente pensa que é apenas contratar. Montagem de elenco, você pode liderar, mas faz isso com os demais dirigentes e, principalmente, com o treinador. As funções vão muito além. Liderar pessoas, trabalhar na parte administrativa, na relação com os jogadores e com o mercado.
O DIA: Gestão é a palavra da moda, mas qual o seu significado real, como trabalha esse gestor?
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Rodrigo Caetano: Da mesma forma que a gente fala em planejamento, mas tem que definir o que é planejamento. Não é só montar o time. Tem que planejar o ano, estabelecer as metas, saber o que tem de orçamento para cumprir. Todo mundo deseja ter os melhores jogadores no seu clube, mas isso não é possível. Planejar as competições, montar a equipe de trabalho, ou melhorá-la. Tudo isso faz parte desse dias que antecedem pré-temporada.
O DIA: Como você vê o Brasil pós-7 a 1? Seu filho está vestido de Chelsea. Por que as crianças se interessam mais pelo futebol europeu
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Rodrigo Caetano: Ele está se adaptando, mas já tem a do Flamengo. Aqui ainda há uma resistência à questão da profissionalização. No entendimento de alguns, é apenas remunerar. Não é. É preencher cargos, qualificar os profissionais, dar alçada. O país é cobrado por causa da Copa do Mundo. Temos que usar o episódio para repensar a formação dos nossos atletas. Do quanto eles permanecem no nosso futebol, se chegam à Europa formados totalmente... Acho que neste semestre andou bem essa discussão. Nos nossos clubes, o que mais avançou foi a questão da responsabilidade. Fato que observo principalmente no clube que estou chegando. Por isso o mercado nunca esteve tão desaquecido como nesse final de 2014. Pode ser o start para que, quem sabe um dia a gente possa chegar a uma condição que esses países (europeus) já têm.
O DIA: Qual o maior problema das divisões de base? O êxodo precoce? Como você pretende trabalhar isso no Flamengo?
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Rodrigo Caetano: Já tivemos conversas com o pessoal da base. É uma coisa que o Flamengo tem que retomar, a sua história exige isso. Existe um plano de trabalho, espero que seja implementado em 2015. Quando se fala em criar projeto para um garoto, tem que sair do discurso e ir para a prática, convencer o jovem de que ele pode ter retorno financeiro no Brasil, jogando no clube que o formou. Mas na questão de metodologia de trabalho o Brasil tem avançado. O País, na questão de formação, deu uma parada no tempo. Fomentado por essas discussões, temos que fazer os clubes verem a base como investimento, e não como custo.