Candidato a presidência do Flamengo Marcelo Vargas - Marcio Mercante
Candidato a presidência do Flamengo Marcelo VargasMarcio Mercante
Por HUGO PERRUSO

Rio - Ex-presidente da Torcida Jovem Fla, Marcelo Vargas entrou para a política do clube quando foi eleito para o Conselho Fiscal durante a gestão de Patrícia Amorim. Aos 44 anos, o candidato da chapa branca ("Flamengo Tradição e Juventude") promete um choque de gestão no futebol e quer auditoria nas contas rubro-negras.

O DIA: Por que ser presidente do Flamengo?

MARCELO VARGAS: Nasci no Flamengo, minha vida foi toda dedicada ao Flamengo, meu pai era sócio patrimonial, fui criado na Gávea, fiz escolinha do Zico. Flamengo sempre foi minha paixão e entrei para a Torcida Jovem, fui presidente dela. Há 11 anos comprei um título de sócio-proprietário e entrei na vida política do clube e no Conselho Fiscal. Tenho essa experiência, conheci a fundo as últimas três gestões e sei muito bem o que é bom e o que não é.

 

O DIA: Quais serão os desafios do presidente para o próximo triênio?

 

MARCELO VARGAS: Primeiro temos o desafio de voltar à essência rubro-negra. O Flamengo está se afastando do seu perfil, das suas tradições e isso se reflete nos resultados esportivos. Queremos choque de gestão rubro-negra. Outro ponto que nos preocupa muito são os gastos, principalmente no departamento de futebol. Ano passado se gastou R$ 350 milhões com arrecadação de mais de R$ 600 milhões. E estamos percebendo que isso vai gerar crise maior.

O DIA: Como pretende aumentar as receitas?

 

MARCELO VARGAS: Primeiro vamos fazer auditoria detalhada de todas as contas. Queremos ver de fato o que acontece, porque o balanço do Flamengo é um labirinto. Vamos encarar para saber para onde está entrando dinheiro. Fazendo isso, vamos nas empresas com que temos contrato para saber porque querem diminuir as receitas. Se tiver que fazer alguma mudança vamos fazer. Flamengo não pode ser prejudicado. Além de aumentar arrecadação tem que diminuir o gasto, que é exorbitante. Pelos resultados no futebol, é uma gestão temerária. E vejo um meio de arrecadação no programa de fidelização que vamos implementar.

O DIA: Tem uma meta para o pagamento das dívidas?

 

MARCELO VARGAS: Primeiro tem que saber quanto realmente é a nossa dívida. O que me ensinaram é que, com palavras você pode tentar enganar e, com números, você engana. Com a atual direção, 2+2 ou dá 3 ou 5 dependendo do interesse deles. Estou muito preocupado com esses números e quero saber qual o valor real da dívida. A gastança nos últimos anos é inadmissível. Por que precisa pegar dinheiro emprestado para ter fluxo de caixa? Só com uma auditoria independente que eu poderei responder. Flamengo é uma caixa preta. Queremos pagar as dívidas, mas tão importante quanto é não adquirir novas.

 

O DIA: Como melhorar o programa de sócio-torcedor?

 

MARCELO VARGAS: O programa é fracassado. Realmente você paga muito caro e a forma como o sócio-torcedor é tratado é desrespeitosa. Ele passa por uma via crucis para ir ao jogo. Tem que otimizar o sistema e já temos um pronto para ser posto em prática, que é um aplicativo. Você terá pré-cadastro e vai poder entrar no estádio com seu celular. Tem como ser feito. Outra situação que nos deixa incomodados é que, para ser sócio-torcedor, precisa ter cartão de crédito. Acaba excluindo grande parte da torcida e isso vai mudar, o torcedor terá o seu boleto para pagar na loteria. Flamengo é paixão e tem que saber gerir uma nação. Outra coisa, o sócio-proprietário, na nossa gestão, vai ter prioridade de ingressos.

O DIA: Quais os planos para o Maracanã? Pretende fazer estádio próprio?

 

MARCELO VARGAS: Não vou ser covarde e demagogo de falar que vou construir estádio. O que tenho de meta é pôr a pedra fundamental para começar a construção. Outro ponto é que vamos pegar a estrutura da Ilha e colocar na Gávea. Se fez a loucura na Ilha, que só tem um acesso, na Gávea é muito mais fácil. O Flamengo já tem estádio e vamos ampliar a capacidade com o mesmo projeto da Ilha. Não vamos pagar aluguel e vai otimizar a Gávea como um todo. Não precisamos de autorização de ninguém, só ter força política para marcar os jogos lá. E sobre o Maracanã, votamos contra esse contrato. O futuro governador já disse que vai fazer nova licitação e aceita o Flamengo na administração. É nessa linha que vamos, queremos participar ativamente. Além disso, vamos decidir a Taça Guanabara no Maracanã sem as arquibancadas atrás do gol, no setor norte. Teremos setor popular e também vamos diminuir o quadro móvel que encarece muito o estádio.

 

O DIA: O que pretende mudar na estrutura do futebol ?

 

MARCELO VARGAS: O problema do Flamengo não é técnico ou jogador. É de gestão. Vamos fazer um choque de gestão no futebol. Quem está no departamento vai aprender o que é Flamengo. Vamos acabar com a terceirização, dinheiro está sendo jogado fora. Não vou entrar em nomes de contratação, mas temos uma meta bem clara e se não ganhar um título por ano a gente renuncia. E se em três anos não conquistarmos a Libertadores não tentaremos a reeleição. Não é demagogia, é fato, é Flamengo. Disputamos quatro campeonatos e não ganhamos um. É absurdo. Outra situação que vai acabar é a tal da central de inteligência, que é burra. Não pode errar tanto em contratações. A porcentagem de erros bate 90% e são contratações caras.

 

O DIA: Qual o perfil do elenco para 2019? Pretende reformulá-lo?

 

MARCELO VARGAS: Primeiro temos que priorizar a base. Não acho o elenco atual ruim e não vou ser irresponsável de denegrir ativos do clube. O que vejo é má gestão. Acho o elenco caro e inchado. Vamos analisar caso a caso, avaliar custo-benefício e o potencial de cada um. Não tendo atleta da base ou do elenco, vamos ao mercado. E tem que parar de só contratar jogador com idade avançada da Europa ou jogador sul-americano. Falta imaginação para o futebol do Flamengo.

 

O DIA: E como será a política de reforços?

 

MARCELO VARGAS: Não vamos sair contratando, temos muitos jogadores. Primeiro vamos detectar qual posição está mais carente. Nossa gestão será responsável, cada centavo será acompanhado e só vamos gastar o que tiver orçado. Dá para fazer muito mais com muito menos, só entender o que é Flamengo. Temos que detectar o atleta com perfil rubro-negro, que a camisa não pese.

O DIA: Quais os planos para a Gávea?

 

MARCELO VARGAS: Flamengo hoje está torto, só fica na parte da piscina, que vive em obras. Com o aumento da capacidade do estádio, a área da bocha e do restaurante, que está abandonada, vai voltar a ser usada. A Arena Maestro Júnior voltará a ser usada para o futebol de areia. Também teremos eventos culturais porque não sei porque parou. Sócio quer viver na Gávea, levar seu filho e por isso teremos entretenimento infantil. Pensamos em ocupar toda a Gávea. A sede voltará a ter treinos antes dos jogos para os jogadores sentirem o calor do sócio, do torcedor. Queremos uma Gávea mais pujante. Também queremos fazer um restaurante panorâmico com vista para a Lagoa.

O DIA: O que pretende fazer com os esportes olímpicos?

 

MARCELO VARGAS: Criar um mínimo orçamentário. Não pode o esporte olímpico viver só de projeto incentivado. Você vê jovens vendendo bolinho para representar o Flamengo. Isso é um absurdo. Outra situação que nos incomoda muito é em relação ao Remo. O Flamengo nunca perdeu tanto. E o basquete vem caindo de produção, fizeram vôlei feminino às pressas... Eles nunca se preocuparam com esporte olímpico e agora, com medidas eleitoreiras, querem fazer mudanças pontuais que não deixarão nenhum legado. Tudo está abandonado e é uma das nossas prioridades para voltar a brilhar.

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