Rodolfo Landim - Severino Silva / Agencia O Dia
Rodolfo LandimSeverino Silva / Agencia O Dia
Por Yuri Eiras

Rio - Familiares de oito meninos mortos na tragédia do Ninho do Urubu participaram nesta quarta-feira (20) de uma reunião com representantes da Defensoria Pública, do Ministério Público Estadual (MPE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT). O motivo do encontro foi orientá-los em como agir a partir de agora, já que não houve acordo entre os órgãos e o clube. O MPT revelou que a oferta do Flamengo às famílias das vítimas foi uma pensão de um salário mínimo (R$ 998) pelos próximos dez anos, além de indenização por danos morais que variavam entre R$ 300 mil a R$ 400 mil. O valor é muito discrepante ao pedido pela Defensoria: R$ 10 mil por mês pelos próximos trinta anos, e um valor indenizatório de R$ 2 milhões para cada parente.

"A reunião foi com as famílias dos atletas. Foram prestados esclarecimentos a respeito do que fazer a partir de agora, diante da recusa do Flamengo de aceitar as condições propostas. Agora, o próximo passo é partir para os trâmites judiciais", comentou Danielle Cramer, procuradora do Ministério Público do Trabalho. "A gente considerou os valores do Flamengo inaceitáveis, ainda mais esse conceito de valor mínimo", disse a subdefensora pública-geral, Paloma Lamego. "A defensoria está a disposição mesmo que o Flamengo não tenha entrado em acordo. Essa negociação não deve ser feita por nenhum familiar sem assessoria jurídica. Alguns familiares tem advogados, quem não tem está amparado pela defensoria".

Na terça-feira, o Flamengo divulgou uma nota em que diz ter oferecido uma indenização "acima dos padrões" brasileiros, e comparou com o caso da Boate Kiss, em 2013, quando mais de 200 pessoas morreram. O Ministério Público do Trabalho não vê qualquer semelhança nos casos.

"São situações absolutamente diferentes, e têm que ter tratamento diferente. No caso do Flamengo, eles eram todos menores de idade, estavam alojados na dependência do clube, que se comprometeu a cuidar e proteger esses garotos. Na Boate Kiss, eram maiores de idade que estavam lá por uma noite", comentou a procuradora, que tenta orientar as famílias diante do luto. "As famílias estão muito fragilizadas, sofridas pela perda. Eles ouviram as nossas ponderações a respeito do que aconteceu até agora", comentou a procuradora.

A Defensoria ainda não definiu um valor com relação aos sobreviventes. Ela deve dividir os casos entre as vítimas com consequências físicas e psicológicas e aquelas que não terão sequelas. A proposta de indenização deve ser bem menor, já que esses atletas ainda têm a expectativa de atuarem como profissionais. Jhonata Ventura, de 15 anos, é o único que permanece internado. Ele teve 30% do corpo queimado, mas já se alimenta normalmente e iniciou fisioterapia. Cauan Emanuel e Francisco Dyogo já receberam alta do hospital e estão com a família.

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