Há três anos no Flamengo, Cuéllar é um dos jogadores mais identificados com a torcida rubro-negra - fotos Armando Paiva/ Agencia O Dia
Há três anos no Flamengo, Cuéllar é um dos jogadores mais identificados com a torcida rubro-negrafotos Armando Paiva/ Agencia O Dia
Por Ana Carla Gomes e Marcelo Bertoldo

Rio - O esgotamento de Cuéllar ao fim de cada jogo não deixa dúvida. Pré-requisito fundamental para conquistar o respeito e o status de ídolo na arquibancada, raça é uma das muitas virtudes do colombiano, cada vez mais rubro-negro. Pai de Paolo, nascido no Rio, e à espera de Mateus, o próximo carioca da família, é assim que o camisa 8 se sente, em casa. Ponto de equilíbrio de um ofensivo e estrelado elenco, ele não se incomoda em correr e se desdobrar pelos colegas, desde que a vitória venha. No terceiro ano de clube, Cuéllar — atualmente a serviço da seleção colombiana — se sente mais maduro, assim como o Flamengo, para buscar títulos que têm escapado por detalhes.

O DIA: Você chegou ao Flamengo há pouco mais de três anos para sua primeira experiência fora do futebol colombiano. Como é ser agora um dos jogadores mais identificados com a torcida do Flamengo?

Cuéllar: Tenho o sentimento de orgulho e gratidão pela torcida do Flamengo e pelo clube, pelo que tenho passado aqui. Tive momentos que não foram muito bons e o clube soube me esperar, aguardou o momento certo para eu explodir. Graças a Deus, agora as coisas estão dando certo. Ainda tem muita coisa para melhorar, para tentar fazer no clube. A verdade é que a expectativa está acima do que pensava. Pensava em me consolidar e mostrar por que eu vim para o Flamengo e agora está sendo maravilhoso. Tenho vivido momentos inexplicáveis no Flamengo e estou muito orgulhoso de representar esse grande clube.

Você foi eleito o Craque da Galera do Brasileiro. O que significou esse reconhecimento por ser voto popular?

Foi muito bom, me encheu de orgulho também, porque não é fácil jogar aqui no Brasil, onde tem jogadores de altíssima qualidade. Isso mostrou que o caminho era esse, de muito trabalho e humildade.

Você tem um trabalho pesado durante os jogos e, a cada roubada de bola, a torcida comemora como um gol. Como é receber essa energia?

O carinho do torcedor tem sido muito grande comigo e a gente quando entra em campo e sente que a torcida está junto conosco é muito bom porque a gente sabe que vai ser um jogo difícil para o adversário. Isso é muito positivo para nós e para as metas que temos no ano.

Como você encarou os momentos em que ficou sem atuar até se firmar?

Foram momentos difíceis para mim e para a minha família. Foi uma época de um ano e um ano e pouco que fiquei sem jogar, tive poucas oportunidades. Quando jogava, não conseguia ter uma sequência para demonstrar realmente o meu nível. Isso ficou marcado para mim e me fortaleceu mais como pessoa e como jogador. Foi uma época difícil, mas, no fim, terminou me ajudando para o que eu sou hoje, um cara trabalhador, que trabalha ainda mais que antes.

O que você vislumbra para o Flamengo neste ano, depois da frustração na disputa de títulos recentes?

Eu me sinto mais maduro, como o time todo. A gente sofreu muito porque perdeu títulos por detalhes, a Copa do Brasil e a Sul-Americana. O time tem aprendido sobre isso, para não cometer os erros desses jogos decisivos e tentar que não volte a acontecer esse sentimento ruim. Acho que vai ser um ano chave, obviamente com muito trabalho. Não posso falar que a gente vai conquistar, mas estamos no caminho certo para chegar às decisões e não cometer os mesmos erros.

Convocado para a seleção colombiana, você sente que ganhou projeção internacional no Flamengo?

Sinto, sim. Tenho me sentido mais reconhecido internacionalmente pelo fato de jogar numa grande instituição como o Flamengo. Faz diferença, sim.

Qual a expectativa para a Copa América, no Brasil, onde você já atua?

Expectativa boa, agora tem essa convocação de duas partidas para demonstrar por que fui convocado. Tomara que tenha oportunidade de demonstrar o nível que estou demonstrando aqui no Flamengo. Uma meta que tenho a curto prazo é jogar essa Copa América, representar o meu país com um uma seleção competitiva. Primeiro, me consolidar no Flamengo, que acho importante para continuar na seleção.

Você esteve na pré-lista da Colômbia para a Copa do Mundo e a seleção agora passa por um processo de renovação. Pode ser uma brecha para você?

Pode ser, sim. Humildemente, pelo que estava fazendo no Flamengo, considerei que poderia estar com uma vaga na Copa do Mundo. Não aconteceu assim, tenho que respeitar a decisão do treinador. Foi difícil para mim. Tenho que continuar trabalhando para a meta curta, que é a Copa América, e pensando também nas Eliminatórias e no Mundial do Catar.

Você falou nos momentos difíceis em que a família esteve ao seu lado e seu primeiro filho, inclusive, nasceu aqui. Como foi a adaptação da família ao Brasil?

O nascimento do meu filho foi maravilhoso. A minha mulher sofreu junto comigo nos primeiros anos. A adaptação dela foi muito mais longa do que a minha. Foi um pouco complicada essa parte, mas a gente sempre esteve junto, com as mesmas metas. Foi um período difícil, mas que no fim fortaleceu a gente. O meu filho Paolo nasceu no Brasil, é carioca, e vou ter mais um carioca, Mateus, que vai nascer no fim do mês.

Vai tentar fazer um gol para o novo herdeiro?

Tomara que seja assim, cobrando um pênalti.

Neste ano, ao falar sobre a expectativa sobre o time, você disse que, pelo bem da equipe, você correria pelos colegas. Tem valido a pena correr pela equipe e como é o resultado do fim de jogo para você?

Fim de jogo realmente eu saio cansado, sou um ser humano como qualquer um. Se for para o bem do Flamengo, vou continuar fazendo isso, para a gente conquistar coisas importantes. Não só eu, mas todo mundo está se doando muito dentro de campo para conseguir os objetivos. A gente está pelo caminho certo, temos tido boas partidas e sempre tentando procurar o resultado que é o mais importante.

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