Juan pendurou as chuteiras nesta semana - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Juan pendurou as chuteiras nesta semanaEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por MARCELO BERTOLDO
Rio - Aos 40 anos, Juan escreveu, em rubro-negro, os últimos capítulos como jogador, com 332 jogos e o status de maior artilheiro entre os zagueiros do Flamengo, com 32 gols. Cria da Gávea, emprestou sua categoria e elegância a Bayer Leverkusen-ALE, Roma-ITA, Internacional e, merecidamente, à Seleção. Fã de Zico, elegeu o time campeão da Libertadores e do Mundial de 1981 como a sua 'SeleFla'. Prestes a reescrever nos bastidores a sua história no clube, vê a equipe atual madura e no caminho de conquistar um título expressivo que o torcedor tanto cobra.
23 ANOS DE CARREIRA
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Eu me sinto realizado. Acho que tenho muito mais a agradecer do que a lamentar. A vida de jogador de futebol é muito difícil. A gente sabe a realidade que há no Brasil. Portanto, poder jogar tanto tempo em alto nível em alguns clubes, diferentes países e pela Seleção é motivo de orgulho.
PREPARAÇÃO PARA O ADEUS
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A ficha cai aos poucos. Ainda é muito cedo, primeira semana de aposentadoria, mas a decisão foi tomada. Acho que não vou sentir falta. Foi algo pensado desde o ano passado. Tinha a certeza de que ao fim de 2018 eu pararia. O prazo se estendeu um pouco por conta da lesão (ruptura do tendão de Aquiles do tornozelo direito). Mas é um tempo que chega para todo mundo. O Flamengo tem um time forte, com jogadores jovens e de muito potencial. Mas acho que chega a hora e chegou o meu momento.
PRÓXIMOS PASSOS
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Já tem uma programação definida no Flamengo. A parte prática é sempre a mais importante. Por isso, a diretoria me ofereceu o estágio para conhecer todas as áreas do clube e para entender como funciona do lado de fora e descobrir onde posso me encaixar. Eu me vejo ligado ao campo, aos atletas, ao treinador. É uma coisa de que gosto.
FOCO NA GESTÃO
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Treinador, não. Descarto. É mais para uma espécie de coordenador, não sei se qual será o nome do cargo, mas é ligado a gerenciamento de futebol, de campo. Não a contratações, salários de jogadores, e, sim, à performance dentro de campo. É uma coisa de que gosto. No primeiro momento, é o perfil em que me encaixo.
DNA RUBRO-NEGRO
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A experiência ajudará, mas a vivência do clube mais ainda. Conhecer o clube, o respeito que adquiri, tudo contribui. A forma como me comportei ao longo da carreira ajuda na relação tanto com os mais jovens quanto com os experientes. Tenho noção de que o Flamengo está me dando essa oportunidade pelo que represento e fiz fora de campo.
MENINOS DO NINHO
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Para o clube foi muito difícil, para as famílias e também para a gente. Um momento bem delicado. Na semana do acidente, treinei com alguns desses meninos. Ficamos e ainda estamos abalados pela tragédia, que não tem volta. Todo mundo teve o sonho que esses meninos tinham e viveu essa rotina de concentração. Muitos de nós somos pais. Você começa a juntar tudo isso e vira um turbilhão de emoção, mas tem que superar. A vida é feita de desafios e superação e, dia após dia, precisamos superar esse momento e reerguer a imagem do clube.
NOTA PARA JUAN
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É difícil fazer uma autoavaliação. Nunca parei para pensar sobre isso. Graças a Deus, consegui colocar todo o meu potencial para fora, por muito tempo. Trabalhei sério para isso. Um ponto positivo foi o meu profissionalismo. Fiz tudo o que podia fazer para jogar em alto nível.
REVELAÇÃO AOS 17 ANOS
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Tive um ano difícil em 1998. O Flamengo foi mal. Eu também não joguei bem e voltei para os juniores em 1999. Faz parte do amadurecimento. Era uma outra época, o Brasil não exportava tantos jogadores. Havia um acúmulo de grandes nomes no nosso mercado, o que dificultava o espaço para os jovens. Foi um período importante na minha carreira. Voltei com outra cabeça, mais maduro.
MAIORES RIVAIS
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Graças a Deus, enfrentei grandes atacantes. Talvez, por esse fato, tenha crescido tanto na posição. É difícil destacar um ou dois. Na minha geração e acima dela, enfrentei quase todos. Tive êxitos e momentos de dificuldade. Entre 17 e 19 anos, joguei contra Edmundo, que era o melhor atacante do futebol brasileiro. Cresci marcando o Romário nos treinos. Enfrentei Ronaldo...
COPA DO MUNDO E SELEÇÃO
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É uma competição muito cruel. O mínimo erro pode custar a eliminação. Eu me sinto feliz pelo que fiz na Seleção. É muito difícil chegar lá e disputei quase 80 jogos, praticamente nove anos sendo convocado. É o topo, o sonho da carreira de todo jogador. Ter perdido duas Copas é a grande frustração, por mais que tenha feito tudo para ajudar o Brasil. É muito triste porque o sonho de todo jogador é ser campeão do mundo.
FRUSTRAÇÃO NO FLA
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Pelo Flamengo, joguei quando era muito novo e, depois, muito velho. Fiquei 14 anos fora, vivi todo meu auge fora do Flamengo.
UM JOGADOR COMUM...
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Depende o que se acha de um jogador comum. Não sei o que quis dizer na época (entrevista concedida aos 9 anos). Talvez tivesse apenas o sonho de fazer um jogo pelo Flamengo. Entendo que fui um jogador acima da média por tudo o que fiz dentro de campo. E com certeza mais do que pensava naquela época.
PRESSÃO POR TÍTULOS
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O Flamengo está preparado. Esse título de expressão já poderia ter chegado. Batemos na trave na Copa do Brasil, Sul-Americana e Brasileiro do ano passado. Temos um elenco forte, que trabalha muito e em alto nível. A pressão vai existir sempre. Faz parte e sendo jogador do Flamengo não tem como fugir dela. Todos têm noção da responsabilidade de jogar pelo Flamengo. Com certeza, este ano, o Flamengo ganha um título importante.
 
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