Copa do BrasilDivulgação
Por iG
Publicado 06/09/2019 13:41 | Atualizado 06/09/2019 14:36
Minas Gerais - O Cruzeiro continua sendo investigado pela Polícia Civil por conta das denúncias feitas pelo programa Fantástico, da TV Globo, no mês de maio deste ano.

Entre as suspeitas de irregularidades estão transações ilegais de jogadores com empresários não cadastrados pela CBF, cessão de direitos econômicos de jogadores de base abaixo da idade mínima, o que é proibido pela lei brasileira e esquema de pagamentos para torcidas organizadas com o intuito de defender e divulgar a marca do Cruzeiro.

A venda do uruguaio Arrascaeta para o Flamengo é um dos objetos de investigação. O clube mineiro negociou os direitos econômicos do jogador para terceiro, o que é proibido pelo Estatuto de Transferência de Jogadores da Fifa; e também teria quebrado regras de fair play financeiro, obtendo vantagem desportiva com isso.
De acordo com o blog Lei em Campo, o Supermercados BH conseguiu uma liminar na Justiça para que o Flamengo pague à empresa e não ao Cruzeiro 25% dos direitos econômicos de Arrascaeta. Isso porque o clube mineiro firmou com o varejista contrato de cessão de direitos econômicos.

Diante disso, além de sanções na Justiça comum, o Cruzeiro também pode ter prejuízo esportivo. E o principal deles é a perda dos títulos da Copa do Brasil dos anos de 2017 e 2018.

A Raposa montou o seu elenco campeão desses torneios sem que tivesse condições financeiras, violando as normas da Fifa ao ter interferência de terceiros para contratação de atletas. Uma espécie de doping financeiro.

"Quando o regulamento é omisso, a tendência é se dar o título ao vice-campeão. Não há uma previsão no regulamento que determine o que pode acontecer em caso de perda de título por alguma irregularidade que o clube campeão tenha cometido, aí a tendência é sempre a entrega para o vice-campeão", disse o advogado e jornalista Andrei Kampff, do Lei em Campo.
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Ou seja. O Flamengo, vice-campeão da Copa do Brasil de 2017, e o Corinthians , vice do torneio em 2018, poderiam sim herdar as conquistas. Mas, segundo Andrei, a possibilidade é remota.

"É difícil de acontecer, mas a gente nota um movimento muito mais sério da Fifa e das entidades de esportes no controle do fair play financeiro. E punindo clubes grandes, como Chelsea, Manchester City", avaliou.

"Mas pelo fato de o Cruzeiro não ser reincidente, de ser a primeira vez, pode ser uma punição mais branda. Uma multa, advertência, proibição de contratar num determinado período. Mas tirar o título é mais severo, só é aplicado em caso de reincidência", comentou Andrei Kampff.

O advogado e jornalista disse ainda que a Fifa pode provocar uma grande discussão sobre esse caso, se vai a julgamento. O STJD vai analisar e a questão provavelmente pararia no tribunal arbitral do esporte, com possibilidade de recurso no tribunal suíço.

Há também quem diga que, caso os títulos do Cruzeiro sejam mesmo retirados, as edições 2017 e 2018 da Copa do Brasil ficariam sem um campeão determinado.

"Isso também pode ser decidido. Não tem um histórico com relação a isso no Brasil. Mas o caminho natural é o vice-campeão herdar o título, mas claro que pode ser decidido que o campeonato ficaria sem campeão", finalizou Andrei Kampff.

Reportagem de Mário André Monteiro