Bernardo e Theo nos tempos de Flamengo - Arquivo Pessoal
Bernardo e Theo nos tempos de FlamengoArquivo Pessoal
Por Venê Casagrande
No mundo do futebol é comum jogadores criarem laços de amizades fortes e verdadeiras que durarão por um longo tempo. Com o meia Theo Maia e o zagueiro Bernardo Licastro não está sendo diferente. Os dois jogadores se conheceram nos tempos escola, fortaleceram vínculo durante passagem pelo Flamengo, já cursaram alguns períodos juntos na Faculdade de Educação Física e são parceiros há anos.

Porém, quis o destino que os dois ficassem distantes. Theo Maia está no Isloch, da Bielorrússia, e curte a famosa arquitetura stalinista do país localizado no Leste Europeu. Enquanto isso, Bernardo Licastro aproveita a rotina na Zona Norte do Rio de Janeiro e está se preparando para a disputa do Carioca em 2020 pelo Madureira.

Mesmo com a distância, os dois jogadores de 21 anos, que já comemoraram títulos pela base do Flamengo, como Copa São Paulo, Carioca e OPG, mantém contato pelas redes sociais. A reportagem conversou com Théo e Bernardo, pelo Whatsapp. Os dois atletas abriram o coração, falaram sobre o período no Flamengo e projetaram o futuro no futebol.
Bernardo e Theo durante bate-papo pelo celular - Arquivo Pessoal
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PERGUNTAS A THEO MAIA:

Você passou anos no Flamengo e hoje joga em um mercado com menos visibilidade. Tem desejo de retornar ao futebol brasileiro? Quais são os seus objetivos na carreira?

"Sim, eu tenho esse desejo. O futebol brasileiro está cada vez mais forte e competitivo, e caso eu possa voltar, será uma grande oportunidade. Meus objetivos são jogar em grandes clubes, grandes ligas e, sendo assim, que eu possa me realizar profissionalmente".


Como foi a adaptação na Bielorrusa? Você tem ou teve dificuldade na adaptação?


"No início foi muito difícil. Primeira vez que eu saio do meu país para jogar e sem duvidas foi um grande baque. O rigoroso inverno com temperaturas negativas, a língua que é russa e eu não sabia uma palavra e a cultura que é completamente diferente foram algumas das dificuldades que eu encontrei aqui. Nada como um dia após o outro. Com o passar do tempo, pude ir me adaptando e me sentindo mais a vontade e hoje, de certa forma, me sinto tranquilo aqui".


Além do crescimento profissional, o que você destaca durante esse período em que está aí?

"Além do crescimento profissional, posso destacar o crescimento pessoal. Foi um grande desafio vir para cá. Como disse anteriormente, foi a primeira vez que saí de casa e logo de cara para uma mudança bem radical. Confesso que quase desisti de tudo aqui pois não é fácil estar tão longe de casa sozinho! Pude crescer e amadurecer, está sendo uma grande experiência".
Theo atuando com a camisa do Isloch - Arquivo Pessoal


O fato de o Flamengo não ter te aproveitado, deixou vocês frustrados, já que vocês fizeram jogos importantes e foram decisivos em alguns títulos?

"Frustração não. É claro que era meu desejo continuar no Flamengo e fazer carreira ali. É um dos maiores clubes do mundo e sonho de qualquer menino jogar no profissional do Flamengo, comigo não era diferente! Foi uma decisão deles a qual eu respeito. Agora estou construindo minha carreira e quem sabe no futuro possa voltar."


PERGUNTAS PARA BERNARDO:


Como você avalia esse período no Madureira?

"O Madureira é um clube tradicional, com muita história e que já revelou grandes jogadores para o futebol, quando surgiu essa oportunidade eu não podia deixar escapar, o clube me abriu as portas em Junho quando fui muito bem recebido pela diretoria, comissão técnica e jogadores que me ajudaram no dia a dia, pois toda chegada em um novo clube, novo ambiente requer um período de adaptação para o atleta entender a rotina do clube e de treinamentos! Nesse período realizamos amistosos contra o Vasco e o Flamengo, além da disputa da Copa Rio, mas agora o foco é total na preparação para o Carioca 2020, onde estamos motivados e vamos em busca de grandes objetivos".

Há alguns meses, você atuou em um amistoso contra o Flamengo. Qual foi o sentimento? O que passou pela sua cabeça?

"O amistoso foi uma situação que eu nunca tinha vivido antes, poder atuar contra o clube que me formou, no qual eu passei 9 anos, conquistei títulos e fiz muitos amigos. Foi um prazer enorme poder reencontrar profissionais qualificados que ajudaram no meu desenvolvimento profissional e pessoal ao longo desses anos e amigos que passaram comigo por momentos bons e ruins, e saber que a amizade, o respeito, a admiração é recíproca por todos."
Bernardo em ação pelo Madureira em amistoso contra o Flamengo, na Gávea - Arquivo Pessoal


O fato de o Flamengo não ter te aproveitado, deixou vocês frustrados, já que vocês fizeram jogos importantes e foram decisivos em alguns títulos?
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Entendo que essa questão faz parte da carreira do profissional do futebol, seja ele jogador ou dirigente, e temos que estar preparados para isso, o futebol é dinâmico e as coisas podem mudar da noite para o dia, meu carinho, gratidão por tudo que o clube me proporcionou e o respeito continuam o mesmo, quem sabe no futuro eu não possa voltar, o futuro a Deus pertence.
Bernardo e Theo comemorando título pelo Flamengo - Arquivo Pessoal



PERGUNTAS SOBRE AMIZADE:

Vocês são amigos há anos. Como fazem para manter o contato e não se afastarem?

Theo: "Nossa amizade é longa e começou antes mesmo de jogarmos juntos no Flamengo. Convivíamos juntos diariamente entre treinos e faculdade mas quis o destino que eu viesse para cá e ele continuasse no Brasil. Mantemos o contato sempre por WhatsApp e as vezes por vídeo. A distância não mudou em nada a amizade."

Bernardo: "Nossa amizade começou na escola, depois viemos a jogar juntos no Flamengo onde iamos juntos para o treino até pela proximidade de nossas casas e a noite estudando na faculdade, esse convívio foi fortalecendo essa amizade que nem mesmo com a distância de hoje foi capaz de acabar ou diminuir, pois com as redes sociais nós mantemos um contato diário."

Além de jogar futebol, vocês já estudaram juntos em uma faculdade. O que vocês pensam sobre estudo/carreira? Por que acham importante?


Theo: "Acho muito importante manter os estudos e conhecimento nunca é demais. É um curso onde nos identificamos e já estamos também pensando lá na frente após a nossa carreira. Eu particularmente, hoje, tenho desejo de continuar no futebol depois de me aposentar. Além do mais, temos exemplos dentro de casa e sempre tivemos incentivo para continuar estudando."

Bernardo: "Eu sempre tive vontade de cursar Educação Física, pelo fato de estar e gostar da área e por meus pais serem professores da mesma. O conhecimento, e entendimento de muitas situações ligadas ao esporte, ao jogo na prática pude ver na teoria em sala de aula, assim eu vou relacionando os assuntos e utilizando no dia a dia nos treinamentos para ajudar no meu desenvolvimento profissional. Não é fácil conciliar, mas com força de vontade, e diálogo é possivel sim jogar e estudar. Me formo agora no início de Dezembro em Educação Física - Licenciatura."