Rio - Fred levantou a voz contra as torcidas organizadas. Após ser pressionado na saída de um treino, o atacante do Fluminense desabafou e alertou para a violência no futebol. O camisa 9 diz que tem medo de sair de casa, mas que não vai se omitir na campanha contra os vândalos.
"Eu tenho certeza de que agora todo mundo tem de abraçar essa causa. Todos os jogadores, os técnicos que também formam opinião, torcedores, autoridades e vocês da imprensa para que seja o início do fim. Para acabar com essa violência porque o futebol é alegria. Vivenciei momentos marcantes e momentos de violência, de selvageria e de terrorismo mesmo... Passei aqui no Fluminense em 2009, onde a torcida invadiu o nosso treino, passei também lá no estádio contra o Coritiba, naquela final que a gente não caiu em 2009, passei em 2011... Grupos aí me perseguindo. Para mim, era muito cômodo, estou bem resolvido, não vou dar minha cara à tapa, mas nós estamos sentindo isso na pele há muito tempo. Quem não se lembra daquela Copa São Paulo de Futebol Júnior onde a gente via um agredindo o outro do nada, onde houve mortes. Teve agora lá no Paraná, teve com a gente no Fluminense. O que eu quero deixar bem claro é que isso é um problema crônico do Brasil, não é um problema aqui só do Fluminense ou só com o Fred. E todo mundo tem que abraçar essa causa", disse Fred em entrevista à TV Globo.
O atacante relembrou o último episódio em que foi pressionado por torcedores.
"Quando eu saí, apareceu cerca de trinta torcedores xingando e dando tapa no vidro, dando bico no carro. Tinha quatro seguranças tentando conter. Naquilo, só consegui melhorar mesmo aqui na minha casa. Eu cheguei numa pilha. E naquela situação, meio que na reação, eu não acelerei neles, mas fiquei sem o que fazer e deixei o carro ir. E ali na saída nós estamos numa avenida, né? Vinha um caminhão e freou bem perto. Eu assustei com aquele tipo de coisa. E aí passou o filme inteiro na minha cabeça de tudo o que eu vivi. Já é a quarta vez na semana que eles aparecem, daqui a pouco eles estão entrando em vestiário. E uma semana antes um torcedor entrou no nosso vestiário e não encontrou a gente, só encontrou alguma molecada da base. A partir dali, falei: “Opa, o negócio está começando a piorar”. Conversei com a diretoria para ser mais severa nessa punição, nessa proteção, nessa blindagem para nós jogadores", disse Fred, que revelou ter receio de sair de casa:
"Ir à praia quando está perdendo, você não pode fazer isso. O que tenho mais medo é de alguma covardia, alguma maldade. Peço a Deus para que me proteja, porque eu tenho medo de sair com minha filha e um grupo de seis, sete, pegar e fazer alguma maldade. “Ah, você fez aquilo, você foi contra a gente”. Porque hoje, algumas torcidas organizadas, alguns grupos, algumas facções vivem disso. Tem grana por trás. Alguns conseguem até cargos políticos. Isso é perigoso, eu estou mexendo numa coisa séria. Fico com medo disso. Mas não vou me acovardar. Não tem como eu simplesmente falar: “Estou tranquilo, resolvido, o futebol já me deu tudo mesmo, agora estou sossegado”. Não vou me calar. Vou continuar brigando por um futebol feliz porque, quando eu parar de jogar, quero pegar meus filhos e levar para ver jogo do Fluminense, sentar na arquibancada com alegria, cantar as músicas... Eu quero fazer isso."