Por edsel.britto

Rio - Qual é o maior legado para um atleta olímpico após o fim da carreira? Conquistas? Fama? Dinheiro? Para Flávio Canto, judoca medalhista de bronze nos Jogos de Atenas, em 2004, o maior legado é o projeto Reação. Fundado em 2003, o instituto teve seu ponto de partida na comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Treze anos depois, já conta com outros quatro pólos espalhados pela cidade (Pequena Cruzada, Cidade de Deus, Deodoro e Tubiacanga), onde atende a mais de 1.000 jovens, oferecendo além do esporte, educação e cidadania.

Campeã mundial em 2013 no Maracanãzinho%2C Rafael Silva é cria do Reação e esperança de medalha na OlimpíadaMarcio Rodrigues/MPIX/Divulgação

“O projeto nunca foi meu. É de cada vez mais gente. O legado para o esporte brasileiro é importante, mas é só um pedaço do que acontece ali. Claro que um ‘pedaço’ muito maior como legado para o esporte do que as medalhas que conquistei como atleta”, afirma Flávio Canto.

Hoje, o projeto colhe os frutos, principalmente na parte esportiva. Com o programa de alto rendimento, o Reação conta com cinco nomes na seleção brasileira saídos dos seus pólos. Três deles já são destaque no cenário internacional: as irmãs Rafaela e Raquel Silva e Victor Penalber.

“Hoje nós temos 230 atletas no programa de alto rendimento, em três pólos: Rocinha, Cidade de Deus e Deodoro. O nosso principal é Cidade de Deus onde treinam Rafaela Silva, Penalber e vários atletas da seleção brasileira. Essas bolsas são dividas em quatro faixas diferentes que levam em conta os resultados. Destes 230, somente 30 têm bolsas para ajuda financeira, levando em conta seus resultados”, explica Joana Miraglia, gerente-executiva do Reação.

Ela também revelou qual é o valor necessário anual para manter o projeto funcionando da forma como está: “O programa olímpico hoje nos custa em torno de R$ 3 milhões por ano, mais ou menos. É o que precisamos para manter esta estrutura toda nos três pólos”, conclui.

RAFAELA, A CRIA DA CASA

Um dos principais nomes do judô feminino brasileiro na atualidade, Rafaela Silva conheceu o esporte graças ao pólo do Instituto Reação, na Cidade de Deus. Lá, ela pôde ter o primeiro contato com o que viria a se tornar a sua profissão.

Rafaela Silva é o principal nome do judô brasileiro na categoria até 57kgErnesto Carriço / Agência O Dia

“Em 2008, quando ganhei meu primeiro título expressivo, no Campeonato Mundial Júnior, foi quando eu tive certeza da minha escolha”, diz.

Campeã mundial em 2013, no Maracanãzinho, Rafaela terá a chance de buscar a medalha olímpica no “quintal de casa”: “Já passou pela minha cabeça, mas acho que só quando chegar na reta final que vai cair a ficha”.

SEM APOIO É IMPOSSÍVEL

Para se manter em alto nível e buscando títulos, Rafaela Silva precisa de um grande aporte financeiro de patrocinadores. Atualmente, a judoca conta com seis incentivadores: Instituto Reação, Embratel, Fernandes Araújo, bolsa de estudos na faculdade Celso Lisboa, além da patente de 3º sargento da Marinha e o direito à bolsa pódio, do Governo Federal.

“Se não fosse por esses apoiadores, seria bem difícil, ou impossível, me manter no alto rendimento. Ficaria muito complicado conseguir bancar suplementos, quimonos de R$ 1.500,00 cada, mais viagens, alimentação”, diz.

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