Por gabriela.mattos

Rio - O clima olímpico está incentivando crianças e jovens, que, impulsionados pelos Jogos, participam de competições. No Parque Madureira, por exemplo, cerca de 275 estão inscritos no projeto Férias no Parque, que leva futebol, tênis de mesa, judô, futevôlei, badminton, skate e capoeira ao Boulevard Olímpico. Pandeiro, atabaque e berimbau ditavam o ritmo do gingado na tarde de ontem, quando os jovens, comandados pelo contramestre Preto, 35 anos, participavam de mais uma aula preparatória da capoeira. São várias delas até as finais, dia 20, que darão aos vencedores medalhas e vale-compras de até R$ 300.

Muitos daqueles pequenos capoeiristas já nasceram incentivados a jogar. É o caso de Ana Beatriz, 11, que com 1 ano de idade começou a dar os primeiros golpes e a adentrar o mundo da tradicional expressão cultural brasileira criada por descendentes de escravos africanos. Feito professora, Ana aprovou o desempenho de quem estava gingando pela primeira vez. Nada capaz, porém, de tirar o otimismo da jovem para a final do dia 20. "É claro que vou ganhar", afirmou.

Garotada aprovou a iniciativa do Programa Férias no Parque porque facilitou o contato com o esporteSandro Vox / Agência O Dia

Um dos jogadores mais experientes da turma, Paulo José dos Santos, de 10 anos, pratica a capoeira há oito. Elétrico e saltitante, ele comemorou a presença de tatame naquele espaço — normalmente, os capoeiristas treinam no chão. “O tatame é ótimo para dar mortal”, comentou. “É bom que não quebra a cabeça", completou Rafaela Gabriela, de 10, provocando risos e a aprovação dos companheiros.

Contramestre Preto é líder da Escola Cultural de Capoeira Contempor'Arte, que atua em diversos locais do Rio. Ele lamentou o pouco destaque dado à capoeira na cerimônia de abertura dos Jogos. “É patrimônio do nosso país, uma das maiores representações culturais, assim como o samba, do Brasil.” Por outro lado, comemorou a iniciativa Férias no Parque. "É muito bom ter contato com o esporte”.

“Têm que jogar como as garotas”

No campo de futebol, os treinadores Bruno De Victa, de 26 anos, e Leila Brito, de 41, comandam os 70 jovens inscritos para o esporte que já chegou a ter o Brasil como maior potência. Atualmente, os rapazes parecem estar mais interessados — e inspirados — no time feminino do país, comandado pela craque Marta.

Tanto que Rafael Martins, de 17 anos, mandou o seguinte recado ao time de Neymar e companhia: “Tem que jogar como as garotas.” E ganhou o apoio do colega Fernando Gandarão, de 14, que só tem visto as partidas da seleção das mulheres. “Está na hora de melhorarem o futebol masculino, né?”, questionou. No dia 20, os grupos matinal e vespertino serão divididos em equipes de dez jogadores para disputar as finais.

?Reportagem do estagiário Caio Sartori

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